5 de maio de 2011

Ficantes

ficar v.t.c. … 20.Bras. Gír. Trocar carinhos sem compromisso de namoro.

Esta é uma definição encontrada no Aurélio. Criada há poucos anos, esta condição, que não deve ser confundida com estado civil, vem tomando proporções assustadoras nos últimos tempos. Antes havia a paquera, que era o que antecedia o namoro e em seguida transformava-se em compromisso mais sério. Mesmo quando a paquera não ia muito adiante ela garantia uma certa exclusividade.

Com a invenção do “ficar”, criou-se uma alternativa que pode ser muito satisfatória para os que não querem se envolver ou pouco atraente para os que querem um relacionamento sério… à moda antiga, já que atualmente as dificuldades aumentaram. Sair para a balada e encontrar alguém para passar a noite, não é garantia de que
você verá aquele rosto novamente… vocês só “ficaram”.

Pelo que podemos observar, “ficar” não envolve compromisso, comprometimento ou fidelidade. Quem “fica”, sabe que não pode depositar esperanças em uma relação que é mais assistencialista que constante. Não é possível desenvolver expectativas de estarem juntos nos próximos dias, fins de semana ou ainda no Natal. Quem “fica” não tem a responsabilidade de ligar no dia seguinte, embora este tipo de comportamento esteja associado à gentileza e educação… por mais que não se pretenda encontrar a pessoa novamente, se pediu o telefone não custa dar uma ligadinha.

Mas até que ponto as pessoas encaram a proposta de “ficar” arcando com as suas conseqüências? Tenho escutado histórias de homens e mulheres que ao primeiro sinal de liberdade de expressão do ficante, se sentem magoados e ameaçados. Se você conhece bem a definição desse tipo de relação, sabe que a cobrança está, totalmente, descartada desse contexto. É bom lembrar que não existe uma relação construída, ainda que uma das partes possa nutrir algum tipo de sentimento.

Entretanto, independente do grau de envolvimento que você tenha com alguém, acredito que em qualquer convivência sempre deve haver respeito. Se você ficou com alguém em uma noite, não pediu telefone e nunca mais se encontraram de novo… beleza! Mas se você “fica” de forma mais recorrente com uma pessoa, mesmo que não haja compromisso, é bom lembrar que algumas questões básicas da boa educação, devem ser zeladas.

Sem retórica nenhuma, mostro algumas delas… de forma simples e esclarecedora:
- Se está ficando ou ficou por vezes seguidas com a mesma pessoa, já foi criada alguma cumplicidade, portanto, não que seja proibido, mas evite “ficar” também com parentes e amigos próximos desse alguém. Tem muita gente no mundo, não precisa ir cantar quem está tão perto e na linha de convivência do outro. A menos que seja uma paixão arrebatadora, não se queime!
- Ciúmes está descartado! Se você foi para uma festa e encontrou o seu ficante ficando com outra, trate de ficar quietinha e engolir a vontade de ir lá e fazer um barraco. Lembre-se: nesta relação não há compromisso.
- A freqüência não é algo estabelecido. Não é regra “ficar” toda semana ou todo mês, mas sim quando as condições de temperatura e pressão estiverem favoráveis. Caso o indivíduo desapareça por meses, o contato poderá esfriar e perder o sentido.
- Trabalhe a ansiedade para entender que nem todas as ligações e torpedos serão retornados, assim como os convites para uma saída de última hora e em cima da hora, também poderão ser recusados.
- Embora a relação não seja oficial, não trate os ficantes como amantes. Se os dois não possuem compromisso com ninguém, os encontros não precisam ser marcados apenas nos finais de noite e madrugada… quem gosta de visita íntima é preso!
Estas considerações foram feitas por algumas pessoas que me passaram as suas insatisfações com os respectivos ficantes e então trouxe aqui como tema. Alguns condenam e acreditam tratar-se de promiscuidade, mas o ato de “ficar” já faz parte do histórico das relações e mesmo quem não for adepto, deve respeitar quem aprova e curte a proposta.

A maioria das pessoas que “ficam”, também continuam acreditando que uma boa história de amor, nos velhos moldes, ainda é melhor do que os encontros furtivos e frugais.

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