27 de setembro de 2011

O homem a nível de agasalho...

Com esse friozinho que está Brasília, lembrei de alguns tipinhos de homens que encontramos por ai...


O homem a nível de agasalho

O HOMEM-SUÉTER

O Homem-suéter é necessário. Quando o frio começa a aparecer a gente recorre imediatamente ao Homem-suéter. Ele tem aquelas qualidades básicas que procuramos em qualquer um. Quer dizer, quando o inverno chega, um Homem-suéter é o mínimo que qualquer homem deve ser. Nada demais.

O HOMEM-MOLETON

Se tem uma coisa que me irrita, mas me irrita é quando ele chega de carro pra pegar um cineminha e só na hora de sair do carro a gente percebe que o infeliz está usando o que? Um moleton. O tipinho Moleton não alcança nem nunca alcançará o assunto. Ele simplesmente não está nem aí pra moda, pra visual, pra proporções e coisas desse tipo. O Homem-moleton é aquela coisa: legalzinho, fofo, dá pro gasto, mas na hora de fazer diferença, ele faz, mas pra menos. Homem-moleton, só na seca.

O HOMEM- CACHECOL

Agora estamos começando a falar sério. O Homem-cachecol é aquele plus. Ele podia ser só gostoso, gente fina, bom caráter, mas é o Cachecol. O tipinho Homem-cachecol surpreende e quando a gente experimenta, percebe que sempre precisou de um. Ele tem o acabamento que outros não têm. A gente se enrosca no Homem-cachecol e não consgeue tirar mais. O problema é exatamente esse. É necessário treinar o desapego no caso do Cachecol, senão ele acaba se achando, e aí já viu né? Pé na bunda, quentinho, mas sempre pé na bunda.

O HOMEM-SOFT

Made in china. O Homem-soft no começo é uma coisa fofa, lindo, gostoso. A gente se empolga, porque além de tudo ele é fácil de adquirir. Chega ali bem na sua frente, todo lindo, prometendo te esquentar sem fazer muito peso. Isso, o Homem-soft é leve e eficiente…mas só no começo. Basta um pouco mais de uso pra começar a fazer bolinha, esgarçar. Tem dia que está meio frio e ele esquenta mais que devia. No outro a gente precisa de um calorzão e aí…o peso acaba fazendo falta. No final de um ano de uso, o Homem-soft está todo troncho, um horror.

O HOMEM- CASHMERE

Ui, lá vem ele todo cheio de merda, é o Homem-Cashmere. Bicha que não acaba mais, ele não é apenas homossexual, é bicha bicha bicha. Até pra bater perna com a gente na Oscar Freire tem que ter cuidado, porque a bicha é abusada e não aceita imitação. Nada de 25, menina, tá louca? É Fendi, é Manolo Blanik, muita Daslu na veia. Quer dizer, pra desfilar ao lado de um Cashmere tem que estar montada na grana e no final das contas tem que levar o fofo pra tomar aquele lanchinho caprichado, nada é de graça, amiga.

21 de setembro de 2011

Íntegra do discurso da presidenta Dilma na abertura da Assembleia da ONU

Presidente foi a primeira mulher a fazer discurso de inauguração do evento.
Em discurso, abordou questão palestina, crise e Conselho de Segurança



A presidente Dilma Rousseff fez na manhã desta quarta-feira (21), em Nova York, o primeiro discurso de uma mulher na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas.

Veja abaixo a íntegra do discurso.

"Senhor presidente da Assembleia Geral, Nassir Abdulaziz Al-Nasser,

Senhor secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon,

Senhoras e senhores chefes de Estado e de Governo,

Senhoras e senhores,

Pela primeira vez, na história das Nações Unidas, uma voz feminina inaugura o Debate Geral. É a voz da democracia e da igualdade se ampliando nesta tribuna que tem o compromisso de ser a mais representativa do mundo.

É com humildade pessoal, mas com justificado orgulho de mulher, que vivo este momento histórico.

Divido esta emoção com mais da metade dos seres humanos deste Planeta, que, como eu, nasceram mulher, e que, com tenacidade, estão ocupando o lugar que merecem no mundo. Tenho certeza, senhoras e senhores, de que este será o século das mulheres.

Na língua portuguesa, palavras como vida, alma e esperança pertencem ao gênero feminino. E são também femininas duas outras palavras muito especiais para mim: coragem e sinceridade. Pois é com coragem e sinceridade que quero lhes falar no dia de hoje.

Senhor Presidente,

O mundo vive um momento extremamente delicado e, ao mesmo tempo, uma grande oportunidade histórica. Enfrentamos uma crise econômica que, se não debelada, pode se transformar em uma grave ruptura política e social. Uma ruptura sem precedentes, capaz de provocar sérios desequilíbrios na convivência entre as pessoas e as nações.
Mais que nunca, o destino do mundo está nas mãos de todos os seus governantes, sem exceção. Ou nos unimos todos e saímos, juntos, vencedores ou sairemos todos derrotados.

Agora, menos importante é saber quais foram os causadores da situação que enfrentamos, até porque isto já está suficientemente claro. Importa, sim, encontrarmos soluções coletivas, rápidas e verdadeiras.

Essa crise é séria demais para que seja administrada apenas por uns poucos países. Seus governos e bancos centrais continuam com a responsabilidade maior na condução do processo, mas como todos os países sofrem as conseqüências da crise, todos têm o direito de participar das soluções.

Não é por falta de recursos financeiros que os líderes dos países desenvolvidos ainda não encontraram uma solução para a crise. É, permitam-me dizer, por falta de recursos políticos e algumas vezes, de clareza de ideias.

Uma parte do mundo não encontrou ainda o equilíbrio entre ajustes fiscais apropriados e estímulos fiscais corretos e precisos para a demanda e o crescimento. Ficam presos na armadilha que não separa interesses partidários daqueles interesses legítimos da sociedade.

O desafio colocado pela crise é substituir teorias defasadas, de um mundo velho, por novas formulações para um mundo novo. Enquanto muitos governos se encolhem, a face mais amarga da crise – a do desemprego – se amplia. Já temos 205 milhões de desempregados no mundo. 44 milhões na Europa. 14 milhões nos Estados Unidos. É vital combater essa praga e impedir que se alastre para outras regiões do Planeta.

Nós, mulheres, sabemos, mais que ninguém, que o desemprego não é apenas uma estatística. Golpeia as famílias, nossos filhos e nossos maridos. Tira a esperança e deixa a violência e a dor.

Senhor Presidente,

É significativo que seja a presidenta de um país emergente, um país que vive praticamente um ambiente de pleno emprego, que venha falar, aqui, hoje, com cores tão vívidas, dessa tragédia que assola, em especial, os países desenvolvidos.

Como outros países emergentes, o Brasil tem sido, até agora, menos afetado pela crise mundial. Mas sabemos que nossa capacidade de resistência não é ilimitada. Queremos – e podemos – ajudar, enquanto há tempo, os países onde a crise já é aguda.
Um novo tipo de cooperação, entre países emergentes e países desenvolvidos, é a oportunidade histórica para redefinir, de forma solidária e responsável, os compromissos que regem as relações internacionais.

O mundo se defronta com uma crise que é ao mesmo tempo econômica, de governança e de coordenação política.

Não haverá a retomada da confiança e do crescimento enquanto não se intensificarem os esforços de coordenação entre os países integrantes da ONU e as demais instituições multilaterais, como o G-20, o Fundo Monetário, o Banco Mundial e outros organismos. A ONU e essas organizações precisam emitir, com a máxima urgência, sinais claros de coesão política e de coordenação macroeconômica.

As políticas fiscais e monetárias, por exemplo, devem ser objeto de avaliação mútua, de forma a impedir efeitos indesejáveis sobre os outros países, evitando reações defensivas que, por sua vez, levam a um círculo vicioso.

Já a solução do problema da dívida deve ser combinada com o crescimento econômico. Há sinais evidentes de que várias economias avançadas se encontram no limiar da recessão, o que dificultará, sobremaneira, a resolução dos problemas fiscais.
Está claro que a prioridade da economia mundial, neste momento, deve ser solucionar o problema dos países em crise de dívida soberana e reverter o presente quadro recessivo. Os países mais desenvolvidos precisam praticar políticas coordenadas de estímulo às economias extremamente debilitadas pela crise. Os países emergentes podem ajudar.

Países altamente superavitários devem estimular seus mercados internos e, quando for o caso, flexibilizar suas políticas cambiais, de maneira a cooperar para o reequilíbrio da demanda global.

Urge aprofundar a regulamentação do sistema financeiro e controlar essa fonte inesgotável de instabilidade. É preciso impor controles à guerra cambial, com a adoção de regimes de câmbio flutuante. Trata-se, senhoras e senhores, de impedir a manipulação do câmbio tanto por políticas monetárias excessivamente expansionistas como pelo artifício do câmbio fixo.

A reforma das instituições financeiras multilaterais deve, sem sombra de dúvida, prosseguir, aumentando a participação dos países emergentes, principais responsáveis pelo crescimento da economia mundial.

O protecionismo e todas as formas de manipulação comercial devem ser combatidos, pois conferem maior competitividade de maneira espúria e fraudulenta.

Senhor Presidente,

O Brasil está fazendo a sua parte. Com sacrifício, mas com discernimento, mantemos os gastos do governo sob rigoroso controle, a ponto de gerar vultoso superávit nas contas públicas, sem que isso comprometa o êxito das políticas sociais, nem nosso ritmo de investimento e de crescimento.

Estamos tomando precauções adicionais para reforçar nossa capacidade de resistência à crise, fortalecendo nosso mercado interno com políticas de distribuição de renda e inovação tecnológica.

Há pelo menos três anos, senhor Presidente, o Brasil repete, nesta mesma tribuna, que é preciso combater as causas, e não só as consequências da instabilidade global.
Temos insistido na interrelação entre desenvolvimento, paz e segurança; e que as políticas de desenvolvimento sejam, cada vez mais, associadas às estratégias do Conselho de Segurança na busca por uma paz sustentável.

É assim que agimos em nosso compromisso com o Haiti e com a Guiné-Bissau. Na liderança da Minustah, temos promovido, desde 2004, no Haiti, projetos humanitários, que integram segurança e desenvolvimento. Com profundo respeito à soberania haitiana, o Brasil tem o orgulho de cooperar para a consolidação da democracia naquele país.

Estamos aptos a prestar também uma contribuição solidária, aos países irmãos do mundo em desenvolvimento, em matéria de segurança alimentar, tecnologia agrícola, geração de energia limpa e renovável e no combate à pobreza e à fome.

Senhor Presidente,

Desde o final de 2010, assistimos a uma sucessão de manifestações populares que se convencionou denominar “Primavera Árabe”. O Brasil é pátria de adoção de muitos imigrantes daquela parte do mundo. Os brasileiros se solidarizam com a busca de um ideal que não pertence a nenhuma cultura, porque é universal: a liberdade.

É preciso que as nações aqui reunidas encontrem uma forma legítima e eficaz de ajudar as sociedades que clamam por reforma, sem retirar de seus cidadãos a condução do processo.

Repudiamos com veemência as repressões brutais que vitimam populações civis. Estamos convencidos de que, para a comunidade internacional, o recurso à força deve ser sempre a última alternativa. A busca da paz e da segurança no mundo não pode limitar-se a intervenções em situações extremas.

Apoiamos o Secretário-Geral no seu esforço de engajar as Nações Unidas na prevenção de conflitos, por meio do exercício incansável da democracia e da promoção do desenvolvimento.

O mundo sofre, hoje, as dolorosas consequências de intervenções que agravaram os conflitos, possibilitando a infiltração do terrorismo onde ele não existia, inaugurando novos ciclos de violência, multiplicando os números de vítimas civis.
Muito se fala sobre a responsabilidade de proteger; pouco se fala sobre a responsabilidade ao proteger. São conceitos que precisamos amadurecer juntos. Para isso, a atuação do Conselho de Segurança é essencial, e ela será tão mais acertada quanto mais legítimas forem suas decisões. E a legitimidade do próprio Conselho depende, cada dia mais, de sua reforma.

Senhor Presidente,

A cada ano que passa, mais urgente se faz uma solução para a falta de representatividade do Conselho de Segurança, o que corrói sua eficácia. O ex-presidente Joseph Deiss recordou-me um fato impressionante: o debate em torno da reforma do Conselho já entra em seu 18º ano. Não é possível, senhor Presidente, protelar mais.

O mundo precisa de um Conselho de Segurança que venha a refletir a realidade contemporânea; um Conselho que incorpore novos membros permanentes e não-permanentes, em especial representantes dos países em desenvolvimento.

O Brasil está pronto a assumir suas responsabilidades como membro permanente do Conselho. Vivemos em paz com nossos vizinhos há mais de 140 anos. Temos promovido com eles bem-sucedidos processos de integração e de cooperação. Abdicamos, por compromisso constitucional, do uso da energia nuclear para fins que não sejam pacíficos. Tenho orgulho de dizer que o Brasil é um vetor de paz, estabilidade e prosperidade em sua região, e até mesmo fora dela.

No Conselho de Direitos Humanos, atuamos inspirados por nossa própria história de superação. Queremos para os outros países o que queremos para nós mesmos.

O autoritarismo, a xenofobia, a miséria, a pena capital, a discriminação, todos são algozes dos direitos humanos. Há violações em todos os países, sem exceção.

Reconheçamos esta realidade e aceitemos, todos, as críticas. Devemos nos beneficiar delas e criticar, sem meias-palavras, os casos flagrantes de violação, onde quer que ocorram.

Senhor Presidente,

Quero estender ao Sudão do Sul as boas vindas à nossa família de nações. O Brasil está pronto a cooperar com o mais jovem membro das Nações Unidas e contribuir para seu desenvolvimento soberano.

Mas lamento ainda não poder saudar, desta tribuna, o ingresso pleno da Palestina na Organização das Nações Unidas. O Brasil já reconhece o Estado palestino como tal, nas fronteiras de 1967, de forma consistente com as resoluções das Nações Unidas. Assim como a maioria dos países nesta Assembléia, acreditamos que é chegado o momento de termos a Palestina aqui representada a pleno título.

O reconhecimento ao direito legítimo do povo palestino à soberania e à autodeterminação amplia as possibilidades de uma paz duradoura no Oriente Médio. Apenas uma Palestina livre e soberana poderá atender aos legítimos anseios de Israel por paz com seus vizinhos, segurança em suas fronteiras e estabilidade política em seu entorno regional.

Venho de um país onde descendentes de árabes e judeus são compatriotas e convivem em harmonia – como deve ser.

Senhor Presidente,

O Brasil defende um acordo global, abrangente e ambicioso para combater a mudança do clima no marco das Nações Unidas. Para tanto, é preciso que os países assumam as responsabilidades que lhes cabem.

Apresentamos uma proposta concreta, voluntária e significativa de redução [de emissões], durante a Cúpula de Copenhague, em 2009. Esperamos poder avançar já na reunião de Durban, apoiando os países em desenvolvimento nos seus esforços de redução de emissões e garantindo que os países desenvolvidos cumprirão suas obrigações, com novas metas no Protocolo de Quioto, para além de 2012.
Teremos a honra de sediar a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, em junho do ano que vem. Juntamente com o Secretário-Geral Ban Ki-moon, reitero aqui o convite para que todos os Chefes de Estado e de Governo compareçam.

Senhor Presidente e minhas companheiras mulheres de todo mundo,
O Brasil descobriu que a melhor política de desenvolvimento é o combate à pobreza. E que uma verdadeira política de direitos humanos tem por base a diminuição da desigualdade e da discriminação entre as pessoas, entre as regiões e entre os gêneros.

O Brasil avançou política, econômica e socialmente sem comprometer sequer uma das liberdades democráticas. Cumprimos quase todos os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, antes 2015. Saíram da pobreza e ascenderam para a classe média no meu país quase 40 milhões de brasileiras e brasileiros. Tenho plena convicção de que cumpriremos nossa meta de, até o final do meu governo, erradicar a pobreza extrema no Brasil.

No meu país, a mulher tem sido fundamental na superação das desigualdades sociais. Nossos programas de distribuição de renda têm nas mães a figura central. São elas que cuidam dos recursos que permitem às famílias investir na saúde e na educação de seus filhos.

Mas o meu país, como todos os países do mundo, ainda precisa fazer muito mais pela valorização e afirmação da mulher. Ao falar disso, cumprimento o secretário-geral Ban Ki-moon pela prioridade que tem conferido às mulheres em sua gestão à frente das Nações Unidas.

Saúdo, em especial, a criação da ONU Mulher e sua diretora-executiva, Michelle Bachelet.

Senhor Presidente,

Além do meu querido Brasil, sinto-me, aqui, representando todas as mulheres do mundo. As mulheres anônimas, aquelas que passam fome e não podem dar de comer aos seus filhos; aquelas que padecem de doenças e não podem se tratar; aquelas que sofrem violência e são discriminadas no emprego, na sociedade e na vida familiar; aquelas cujo trabalho no lar cria as gerações futuras.

Junto minha voz às vozes das mulheres que ousaram lutar, que ousaram participar da vida política e da vida profissional, e conquistaram o espaço de poder que me permite estar aqui hoje.

Como mulher que sofreu tortura no cárcere, sei como são importantes os valores da democracia, da justiça, dos direitos humanos e da liberdade.

E é com a esperança de que estes valores continuem inspirando o trabalho desta Casa das Nações que tenho a honra de iniciar o Debate Geral da 66ª Assembleia Geral da ONU.

Muito obrigada."

17 de setembro de 2011

Até que o carro tele-mensagem os separe

Há muito tempo faço parte de uma comunidade do Orkut chamada “Eu odeio carro tele-mensagem”. Há coisa mais brega do que isso?

Pra começar, o próprio veículo. Um carro velho (já vi até uma Kombi!), cheio daqueles acessórios bregas (canaleta no vidro, um monte de patuá no retrovisor, calota prateada e adesivos de corações, cavalos alados, pombinhos, cupidos, rosas e palavras bregas, como “emoções”, “paixão”, “te amo”, “amor”, “parabéns”. Existe uma regra entre os pegueteiros que “o carro reflete o que é o seu dono”, e isso é aplicável perfeitamente aos carros tele-mensagem. Num misto de Silvanno Sales e Zé Baiano (da dupla Zé Baiano e Feliciano), desce aquela figura esdrúxula de bermuda jeans, camisa colete, boné promocional, pochete de couro, tênis branco sem meia e pega o microfone, onde ao som de Kenny G e outras músicas de motel, entoa uma voz de locutor de bingo para ler mensagens mais bregas ainda, que sempre terminam com o clichê “obrigado por você existir”.

Hoje ao sair da sala de aula, um funcionário da Universidade me informou que uma pessoa me procurava na porta. Sem saber o que era, fui, e me deparei de cara com um carro de mensagem. Fiquei parado para ver quem haveria recebido aquele carro, e fiquei só esperando para sacanear a pessoa. Eis que chamam o meu nome. Me senti o próprio noivo pelo pelo “Casamento Surpresa” do programa da Márcia Goldschimidt. A homenagem foi feita pelos alunos, pela minha despedida. Mas a homenagem foi legal.

Não que tenha ficado emocionado na hora que tocou “amigos para sempre” e o rapaz soltou os fogos de artifício, mas por ter conseguido me arrancar boas risadas e subsidiar conteúdo para esse artigo.

A trilha sonora é ótima!
Aniversário: Sempre toca “hoje vai ter uma festa, bolo e guaraná, muitos doces pra você”, onde todas as mulheres começam a dançar e pular como se fossem as mais originais do mundo. Algumas piores ainda ficam falando entre si como se fossem crianças.

Despedida: “Amigos para sempre” é clássica. Na parte em que a mensagem brega é lida, abaixa-se o volume e toca “Amigo é coisa pra se guardar...”, quando acaba a mensagem aumenta-se estupidamente o som no refrão da música.

Outros: Esse serve pra batizado, aniversário de namoro, formatura, etc. Sempre dá um jeito de tocar “Quando eu estou aqui, eu vivo esse momento lindo”. Sendo em Salvador, ainda existem carros que toquem uma ou duas músicas de arrocha. Outra que está no Top 10 dos carros tele-mensagem é o tema de Titanic, de Celine Dion e Unbreak my Heart.

Quando a brincadeira é feita pra sacanear ou brincar com alguém, realmente é válida. Mas quem já teve a sorte de presenciar a cena de alguém se emocionar de verdade com a cena? É o que há de mais tosco. Quando pára na porta da casa, todos os vizinhos cercam o carro, e só de começar a tocar qualquer acorde do Roberto Carlos começa o chororô. Quem está ao lado do homenageado o abraça, consola, faz cara de respeito (semi-cerrando os olhos, juntando os lábios pra dentro e sacudindo a cabeça lentamente em sinal positivo), e o sacaneado, quer dizer, homenageado, guarda com todo o carinho o cartão e o CD escrito “Fortes Emoções”, que ganhou de presente do carro tele-mensagem.

Mas uma coisa é certa, receber carro tele-mensagem de namorada é o fim! Por isso sou a favor da pena de morte. Mas aviso logo no início do relacionamento. Sejamos felizes até que o carro tele-mensagem nos separe.

Por Cleber Paradela em 01/04/2005

1 de setembro de 2011

Diversão e raça sobre rodas: Emoção e aventura, disputa nas trilhas e passeios ecológicos

Manhã chuvosa de sábado. A repórter aqui segue rumo ao município de Conde, litoral norte da Bahia (seu acesso encontra-se 103 km após o começo da Linha Verde em Praia do Forte) a bordo de um jipe vermelho, com tração 4x4. O clima é de expectativa, porque a chuva promete lama no percurso de quatro horas de rally. O jipe está equipado com pneus radiais (pneu que não tem câmera de ar), desaconselháveis para terreno escorregadio. O câmbio também causa receio. Mas o jeito é encarar a prova e ver se o Jipe sai dela inteiro.

Vidros fechados, ar condicionado ligado e pé na estrada rumo ao balneário de Mangue Seco. O trajeto é pesado, mas o traçado da trilha é bem elaborado para os rallizeiros. A cada curva, subida ou descida uma surpresa. E o Jipe ali, agüentando firme. A bordo, um dublê de piloto e outro de navegador, nos bancos da frente, e dois advogados atrás. No caminho, mais um advogado pede carona. Agora o carro está cheio e os solavancos ficam cada vez mais fortes.

A cada dificuldade no trajeto, basta reduzir a marcha e o jipinho mostra raça sem ameaçar atolar, por mais espesso que seja o lamaçal. A primeira derrapada só acontece no final da manhã. O Jipinho foge do retão e cai numa vala junto ao canavial. Um vitara presta socorro. Mas, nada de grave. Ou melhor, pura diversão. O outro escorregão foi numa curva com 45 graus de descida. O carro escorrega de lado e para junto a um barranco. Aí basta engatar a ré e o vitara já está de novo aprumado e no rumo certo. A chuva diminui e a volta ao hotel é mais tranqüila.

Para quem participou da segunda etapa do Jeep Cross de Conde, a briga foi contra o relógio. Como a prova disputada dia 12 de julho se tratou de um rally de regularidade e o levantamento feito pela organização se deu estradas enxutas, foi complicado para as equipes se ajustarem aos cronômetros. Assim, quem achou que o trabalho ficou com os pilotos acabou se enganando. Os navegadores tiveram de dar duro para recuperar terreno e perder o menor número de pontos possível. No grid de largada, dos 103 jipes, 26 eram da categoria Graduados e 77 da categoria Turismo.

Ai valeu a experiência da dupla campeã do ano passado, na categoria Graduados. O piloto baiano Davidson Well (Professor Talaco) conseguiu controlar sua Land Rover no lamaçal e obedeceu aos comandos do navegador Augusto Carneiro (Rato), no momento de acelerar ou reduzir marchas. Na classe Turismo, a dupla baiana Roberta Almeida (Penélope Charmosa) e Andréa Vieira (Mortadela), também fizeram o maior sucesso.
Davidson ganhou a prova do ano passado também debaixo de muita chuva, mas se mostrou surpreso com tanta lama, desta vez. “Quando corremos no Sul, encontramos muito mais poeira do que aqui, e ainda dizem que no Nordeste não chove. Mas eu prefiro pilotar em terreno molhado porque favorece a qualidade de nossa equipe”, comentou o baiano.
As garotas também gostaram da chuva. O mais incrível é que Roberta e Andréa estão correndo juntas pela segunda temporada e só decidiram participar deste rally um dia antes da largada. “Roberta me ligou e eu topei na hora, mesmo sabendo que o tempo chuvoso ia dificultar nosso trabalho. Mas, ela conseguiu controlar bem o carro e deu para vencer”, disse Andréa.

Na categoria Graduados as duplas Anselmo Junior (Pára-choque)/ Washignton Araújo (PC) e Marcos Martinez (Marta Rocha)/ Ede Assemany Junior (Pininga), ambos daqui da Bahia, chegaram logo atrás da dupla vencedora. Na categoria turismo, a dupla vencedora foi seguida por Luiz Galvão (Terra.com)/ Danielson Lima (To no regue) e João Eduardo (João Maluco)/ Alexandre Almeida (Kruel). Agora, os rallizeiros vão disputar as etapas de Maceió, Natal e Fortaleza.

Os integrantes do grupo participam de competições em percursos radicais (terrenos acidentados, com pedras e erosões), e também na areia e serra (ecológicos). Há ainda o Roteiro Determinado de Itinerário Desconhecido (Raid), passeios que duram de 6 a 7 horas. Os jipeiros participam também do Endurance, prova com obstáculos em que são avaliadas as habilidades de direção, e a Indoor, atividade semelhante, realizada em circuito fechado.

“Quando as competições são em dias de chuva, nossa alegria é garantida, pois ultrapassar os obstáculos do percurso fica mais emocionante”, garante Luiz Galvão (Terra.com). Porém é importante fazer uma manutenção prévia do veículo, principalmente a cada trilha radical, pois algumas pecas podem ser danificadas. Isto fica em torno de R$ 100 por mês.

História

Em 11 de setembro de 2001, foi fundado o Free Road 4x4. A trajetória é simples, divertida e a cada dia, mais interessante.

Tudo começou, quando um grupo de amigos amantes do esporte fora de estrada (off road), reunia-se para promover passeios e trilhas em Salvador e Lauro de Freitas. O grupo foi crescendo e, os mais atuantes, sentiram a necessidade de se organizar, visando sempre à qualidade e a segurança dos participantes.

O Eco Free Road em Rio de Contas na Chapada Diamantina, foi sem dúvidas o marco principal deste grupo que surgiu para aqueles que apreciam o esporte aventura e a natureza. O clube tem hoje uma parceria firmada com a Secretaria do Meio Ambiente do Estado, participando do descobrimento de novos caminhos turísticos, bem como de denuncias contra o desmatamento, as pescas predatórias, queimadas e caca a animais selvagens. Participam de programas sociais como: campanhas para a arrecadação de alimentos, brinquedos e roupas, que sempre são distribuídos no Dia das Crianças e no Natal, em comunidades carentes do interior do estado. Além de participar do programa de vacinação infantil, já tendo atingido 98% de abrangência em áreas antes não visitadas pelas autoridades de saúde.

Aventura e emoção. Estas são duas palavras que já foram incorporadas à rotina dos associados do Free Road 4x4, que todos os finais de semana participam de competições em trilhas radicais e passeios ecológicos em regiões de Salvador e do Brasil.

Segundo Miguel Carneiro (Urubu), um dos diretores do Free Road, a associação existe há dois anos e atualmente possui 80 sócios.

“Este é um clube de recreação mesmo, pois participamos de campeonatos por causa da adrenalina, claro, mas também para nos divertimos e ajudar a população carente do estado. Muitos jipeiros não se juntam a nos porque acham que só fazemos trilhas radicais e perigosas, mas não é isso. Promovemos muitos passeios turísticos pelas cidades”, explica Davidson (Professor Talaco), um dos sócios.

De acordo com Luiz Galvão, muitos jipeiros levam a família nas viagens para percorrer trilhas leves e experimentar a sensação de integrar excursões de jipe.

“Tem gente que leva os filhos, ate os netos. Da para agradar a todos. Meu sogro acabou comprando um jipe por minha causa, e agora tenho que aturar ele nas viagens e em casa”, brinca Luis, que costuma viajar com a mulher e a filha de seis anos.
Apesar de toda a união dos jipeiros, um dos diretores do clube explica que pretende resgatar a historia do grupo.

“Este ano conseguimos mais ou menos 15 associados, e resgatamos uns cinco ou seis.
Em 2002 o clube era mais intenso, mas muitos foram se desligando devido a problemas com a agenda”, diz Miguel, que espera poder reunir os fundadores em uma festa no final do ano.

http://www.bahiaoffroad.com.br/dicas

http://www.freeroad4x4.com.br/