8 de dezembro de 2011

Como você pode ser no seu contexto...

Música: Tocando em frente
Almir Sater/ Renato Teixeira


Ando devagar
porque já tive pressa.
Levo esse sorriso
porque já chorei demais

Hoje me sinto mais forte
mais feliz quem sabe.
Só levo a certeza.
De que muito pouco eu sei.
Eu nada sei.

Conhecer as manhas e as manhãs,
o sabor das massas e das maçãs.
É preciso amor pra poder pulsar.
É preciso paz pra poder sorrir.
É preciso a chuva para florir.

Penso que cumprir a vida
seja simplesmente
Compreender a marcha
ir tocando em frente.

Como um velho boiadeiro
levando a boiada.
Eu vou tocando os dias
pela longa estrada,eu vou.
Estrada eu sou.

Todo mundo ama um dia
todo mundo chora.
Um dia a gente chega
e o outro vai embora.

Cada um de nós
compõe a sua história.
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
De ser feliz!


Lendo esta belíssima letra de Almir Sater e Renato Teixeira, percebo que todos nós, em algum momento, buscamos a felicidade. A vida não se resume a “ir tocando em frente”, e ela tem mecanismos muito especiais que vão nos empurrando a buscar o seu significado, a compreendê-la.

Independente da religião, ou filosofia que professamos, não conseguimos ser feliz olhando única e exclusivamente para o material. Precisamos nos voltar para o espiritual em busca da base que nos sustentará nos momentos de dor e sofrimento. Porque todos, indistintamente, passamos por estes momentos: “Todo mundo ama um dia, todo mundo chora. Um dia a gente chega e o outro vai embora”. E o mais preciso desses mecanismos da vida é que “Cada um de nós compõe a sua história. Cada ser em si carrega o dom de ser capaz de ser feliz”, como canta o poeta.

Percebo que nós já temos essa idéia de grupo, de solidariedade, de crescimento espiritual. Porém temos que ter a certeza de que esse processo é eterno, dinâmico, e necessita de nosso movimento constante. Como exemplo: que tal nos informarmos de como esta nosso próximo? Quando verificamos uma nuvem de tristeza em seus olhos, porque não nos aproximarmos para uma acolhida, um “olhe, estou aqui.”?

Essas pequenas mudanças significarão fazer as coisas e trabalhar com mais "qualidade" e "produtividade", com maior perfeição, atenção aos detalhes e com menos "stress". Significa retomar os valores da família, dos amigos, do tempo livre, do lazer, das pequenas comunidades, do "local" - presente e concreto - em contraposição ao "global" - indefinido e anônimo.

No movimento da globalização também precisamos fincar nossos pés e mentes no concreto. Retomar os valores essenciais do ser humano, dos pequenos prazeres do cotidiano, da simplicidade de viver e conviver e até da religião e da fé. Significa um ambiente de trabalho menos coercitivo, mais alegre, mais "leve" e, portanto, mais produtivo, onde seres humanos, felizes, fazem com prazer, o que sabem fazer de melhor.
E para finalizar fica esse lindo pensamento de Jan Struther, na intenção de que você o aproveite como reflexão íntima:
“Podemos às vezes ofender com palavras, mas também podemos ofender muito mais com o silêncio. Nenhum insulto pronunciado jamais feriu tão profundamente, como a ternura que esperamos e não recebemos. Ninguém jamais se arrependeu tão amargamente de uma indiscrição pronunciada, como das coisas que deixou de dizer.” (Jan Struther).

20 de outubro de 2011

27 de setembro de 2011

O homem a nível de agasalho...

Com esse friozinho que está Brasília, lembrei de alguns tipinhos de homens que encontramos por ai...


O homem a nível de agasalho

O HOMEM-SUÉTER

O Homem-suéter é necessário. Quando o frio começa a aparecer a gente recorre imediatamente ao Homem-suéter. Ele tem aquelas qualidades básicas que procuramos em qualquer um. Quer dizer, quando o inverno chega, um Homem-suéter é o mínimo que qualquer homem deve ser. Nada demais.

O HOMEM-MOLETON

Se tem uma coisa que me irrita, mas me irrita é quando ele chega de carro pra pegar um cineminha e só na hora de sair do carro a gente percebe que o infeliz está usando o que? Um moleton. O tipinho Moleton não alcança nem nunca alcançará o assunto. Ele simplesmente não está nem aí pra moda, pra visual, pra proporções e coisas desse tipo. O Homem-moleton é aquela coisa: legalzinho, fofo, dá pro gasto, mas na hora de fazer diferença, ele faz, mas pra menos. Homem-moleton, só na seca.

O HOMEM- CACHECOL

Agora estamos começando a falar sério. O Homem-cachecol é aquele plus. Ele podia ser só gostoso, gente fina, bom caráter, mas é o Cachecol. O tipinho Homem-cachecol surpreende e quando a gente experimenta, percebe que sempre precisou de um. Ele tem o acabamento que outros não têm. A gente se enrosca no Homem-cachecol e não consgeue tirar mais. O problema é exatamente esse. É necessário treinar o desapego no caso do Cachecol, senão ele acaba se achando, e aí já viu né? Pé na bunda, quentinho, mas sempre pé na bunda.

O HOMEM-SOFT

Made in china. O Homem-soft no começo é uma coisa fofa, lindo, gostoso. A gente se empolga, porque além de tudo ele é fácil de adquirir. Chega ali bem na sua frente, todo lindo, prometendo te esquentar sem fazer muito peso. Isso, o Homem-soft é leve e eficiente…mas só no começo. Basta um pouco mais de uso pra começar a fazer bolinha, esgarçar. Tem dia que está meio frio e ele esquenta mais que devia. No outro a gente precisa de um calorzão e aí…o peso acaba fazendo falta. No final de um ano de uso, o Homem-soft está todo troncho, um horror.

O HOMEM- CASHMERE

Ui, lá vem ele todo cheio de merda, é o Homem-Cashmere. Bicha que não acaba mais, ele não é apenas homossexual, é bicha bicha bicha. Até pra bater perna com a gente na Oscar Freire tem que ter cuidado, porque a bicha é abusada e não aceita imitação. Nada de 25, menina, tá louca? É Fendi, é Manolo Blanik, muita Daslu na veia. Quer dizer, pra desfilar ao lado de um Cashmere tem que estar montada na grana e no final das contas tem que levar o fofo pra tomar aquele lanchinho caprichado, nada é de graça, amiga.

21 de setembro de 2011

Íntegra do discurso da presidenta Dilma na abertura da Assembleia da ONU

Presidente foi a primeira mulher a fazer discurso de inauguração do evento.
Em discurso, abordou questão palestina, crise e Conselho de Segurança



A presidente Dilma Rousseff fez na manhã desta quarta-feira (21), em Nova York, o primeiro discurso de uma mulher na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas.

Veja abaixo a íntegra do discurso.

"Senhor presidente da Assembleia Geral, Nassir Abdulaziz Al-Nasser,

Senhor secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon,

Senhoras e senhores chefes de Estado e de Governo,

Senhoras e senhores,

Pela primeira vez, na história das Nações Unidas, uma voz feminina inaugura o Debate Geral. É a voz da democracia e da igualdade se ampliando nesta tribuna que tem o compromisso de ser a mais representativa do mundo.

É com humildade pessoal, mas com justificado orgulho de mulher, que vivo este momento histórico.

Divido esta emoção com mais da metade dos seres humanos deste Planeta, que, como eu, nasceram mulher, e que, com tenacidade, estão ocupando o lugar que merecem no mundo. Tenho certeza, senhoras e senhores, de que este será o século das mulheres.

Na língua portuguesa, palavras como vida, alma e esperança pertencem ao gênero feminino. E são também femininas duas outras palavras muito especiais para mim: coragem e sinceridade. Pois é com coragem e sinceridade que quero lhes falar no dia de hoje.

Senhor Presidente,

O mundo vive um momento extremamente delicado e, ao mesmo tempo, uma grande oportunidade histórica. Enfrentamos uma crise econômica que, se não debelada, pode se transformar em uma grave ruptura política e social. Uma ruptura sem precedentes, capaz de provocar sérios desequilíbrios na convivência entre as pessoas e as nações.
Mais que nunca, o destino do mundo está nas mãos de todos os seus governantes, sem exceção. Ou nos unimos todos e saímos, juntos, vencedores ou sairemos todos derrotados.

Agora, menos importante é saber quais foram os causadores da situação que enfrentamos, até porque isto já está suficientemente claro. Importa, sim, encontrarmos soluções coletivas, rápidas e verdadeiras.

Essa crise é séria demais para que seja administrada apenas por uns poucos países. Seus governos e bancos centrais continuam com a responsabilidade maior na condução do processo, mas como todos os países sofrem as conseqüências da crise, todos têm o direito de participar das soluções.

Não é por falta de recursos financeiros que os líderes dos países desenvolvidos ainda não encontraram uma solução para a crise. É, permitam-me dizer, por falta de recursos políticos e algumas vezes, de clareza de ideias.

Uma parte do mundo não encontrou ainda o equilíbrio entre ajustes fiscais apropriados e estímulos fiscais corretos e precisos para a demanda e o crescimento. Ficam presos na armadilha que não separa interesses partidários daqueles interesses legítimos da sociedade.

O desafio colocado pela crise é substituir teorias defasadas, de um mundo velho, por novas formulações para um mundo novo. Enquanto muitos governos se encolhem, a face mais amarga da crise – a do desemprego – se amplia. Já temos 205 milhões de desempregados no mundo. 44 milhões na Europa. 14 milhões nos Estados Unidos. É vital combater essa praga e impedir que se alastre para outras regiões do Planeta.

Nós, mulheres, sabemos, mais que ninguém, que o desemprego não é apenas uma estatística. Golpeia as famílias, nossos filhos e nossos maridos. Tira a esperança e deixa a violência e a dor.

Senhor Presidente,

É significativo que seja a presidenta de um país emergente, um país que vive praticamente um ambiente de pleno emprego, que venha falar, aqui, hoje, com cores tão vívidas, dessa tragédia que assola, em especial, os países desenvolvidos.

Como outros países emergentes, o Brasil tem sido, até agora, menos afetado pela crise mundial. Mas sabemos que nossa capacidade de resistência não é ilimitada. Queremos – e podemos – ajudar, enquanto há tempo, os países onde a crise já é aguda.
Um novo tipo de cooperação, entre países emergentes e países desenvolvidos, é a oportunidade histórica para redefinir, de forma solidária e responsável, os compromissos que regem as relações internacionais.

O mundo se defronta com uma crise que é ao mesmo tempo econômica, de governança e de coordenação política.

Não haverá a retomada da confiança e do crescimento enquanto não se intensificarem os esforços de coordenação entre os países integrantes da ONU e as demais instituições multilaterais, como o G-20, o Fundo Monetário, o Banco Mundial e outros organismos. A ONU e essas organizações precisam emitir, com a máxima urgência, sinais claros de coesão política e de coordenação macroeconômica.

As políticas fiscais e monetárias, por exemplo, devem ser objeto de avaliação mútua, de forma a impedir efeitos indesejáveis sobre os outros países, evitando reações defensivas que, por sua vez, levam a um círculo vicioso.

Já a solução do problema da dívida deve ser combinada com o crescimento econômico. Há sinais evidentes de que várias economias avançadas se encontram no limiar da recessão, o que dificultará, sobremaneira, a resolução dos problemas fiscais.
Está claro que a prioridade da economia mundial, neste momento, deve ser solucionar o problema dos países em crise de dívida soberana e reverter o presente quadro recessivo. Os países mais desenvolvidos precisam praticar políticas coordenadas de estímulo às economias extremamente debilitadas pela crise. Os países emergentes podem ajudar.

Países altamente superavitários devem estimular seus mercados internos e, quando for o caso, flexibilizar suas políticas cambiais, de maneira a cooperar para o reequilíbrio da demanda global.

Urge aprofundar a regulamentação do sistema financeiro e controlar essa fonte inesgotável de instabilidade. É preciso impor controles à guerra cambial, com a adoção de regimes de câmbio flutuante. Trata-se, senhoras e senhores, de impedir a manipulação do câmbio tanto por políticas monetárias excessivamente expansionistas como pelo artifício do câmbio fixo.

A reforma das instituições financeiras multilaterais deve, sem sombra de dúvida, prosseguir, aumentando a participação dos países emergentes, principais responsáveis pelo crescimento da economia mundial.

O protecionismo e todas as formas de manipulação comercial devem ser combatidos, pois conferem maior competitividade de maneira espúria e fraudulenta.

Senhor Presidente,

O Brasil está fazendo a sua parte. Com sacrifício, mas com discernimento, mantemos os gastos do governo sob rigoroso controle, a ponto de gerar vultoso superávit nas contas públicas, sem que isso comprometa o êxito das políticas sociais, nem nosso ritmo de investimento e de crescimento.

Estamos tomando precauções adicionais para reforçar nossa capacidade de resistência à crise, fortalecendo nosso mercado interno com políticas de distribuição de renda e inovação tecnológica.

Há pelo menos três anos, senhor Presidente, o Brasil repete, nesta mesma tribuna, que é preciso combater as causas, e não só as consequências da instabilidade global.
Temos insistido na interrelação entre desenvolvimento, paz e segurança; e que as políticas de desenvolvimento sejam, cada vez mais, associadas às estratégias do Conselho de Segurança na busca por uma paz sustentável.

É assim que agimos em nosso compromisso com o Haiti e com a Guiné-Bissau. Na liderança da Minustah, temos promovido, desde 2004, no Haiti, projetos humanitários, que integram segurança e desenvolvimento. Com profundo respeito à soberania haitiana, o Brasil tem o orgulho de cooperar para a consolidação da democracia naquele país.

Estamos aptos a prestar também uma contribuição solidária, aos países irmãos do mundo em desenvolvimento, em matéria de segurança alimentar, tecnologia agrícola, geração de energia limpa e renovável e no combate à pobreza e à fome.

Senhor Presidente,

Desde o final de 2010, assistimos a uma sucessão de manifestações populares que se convencionou denominar “Primavera Árabe”. O Brasil é pátria de adoção de muitos imigrantes daquela parte do mundo. Os brasileiros se solidarizam com a busca de um ideal que não pertence a nenhuma cultura, porque é universal: a liberdade.

É preciso que as nações aqui reunidas encontrem uma forma legítima e eficaz de ajudar as sociedades que clamam por reforma, sem retirar de seus cidadãos a condução do processo.

Repudiamos com veemência as repressões brutais que vitimam populações civis. Estamos convencidos de que, para a comunidade internacional, o recurso à força deve ser sempre a última alternativa. A busca da paz e da segurança no mundo não pode limitar-se a intervenções em situações extremas.

Apoiamos o Secretário-Geral no seu esforço de engajar as Nações Unidas na prevenção de conflitos, por meio do exercício incansável da democracia e da promoção do desenvolvimento.

O mundo sofre, hoje, as dolorosas consequências de intervenções que agravaram os conflitos, possibilitando a infiltração do terrorismo onde ele não existia, inaugurando novos ciclos de violência, multiplicando os números de vítimas civis.
Muito se fala sobre a responsabilidade de proteger; pouco se fala sobre a responsabilidade ao proteger. São conceitos que precisamos amadurecer juntos. Para isso, a atuação do Conselho de Segurança é essencial, e ela será tão mais acertada quanto mais legítimas forem suas decisões. E a legitimidade do próprio Conselho depende, cada dia mais, de sua reforma.

Senhor Presidente,

A cada ano que passa, mais urgente se faz uma solução para a falta de representatividade do Conselho de Segurança, o que corrói sua eficácia. O ex-presidente Joseph Deiss recordou-me um fato impressionante: o debate em torno da reforma do Conselho já entra em seu 18º ano. Não é possível, senhor Presidente, protelar mais.

O mundo precisa de um Conselho de Segurança que venha a refletir a realidade contemporânea; um Conselho que incorpore novos membros permanentes e não-permanentes, em especial representantes dos países em desenvolvimento.

O Brasil está pronto a assumir suas responsabilidades como membro permanente do Conselho. Vivemos em paz com nossos vizinhos há mais de 140 anos. Temos promovido com eles bem-sucedidos processos de integração e de cooperação. Abdicamos, por compromisso constitucional, do uso da energia nuclear para fins que não sejam pacíficos. Tenho orgulho de dizer que o Brasil é um vetor de paz, estabilidade e prosperidade em sua região, e até mesmo fora dela.

No Conselho de Direitos Humanos, atuamos inspirados por nossa própria história de superação. Queremos para os outros países o que queremos para nós mesmos.

O autoritarismo, a xenofobia, a miséria, a pena capital, a discriminação, todos são algozes dos direitos humanos. Há violações em todos os países, sem exceção.

Reconheçamos esta realidade e aceitemos, todos, as críticas. Devemos nos beneficiar delas e criticar, sem meias-palavras, os casos flagrantes de violação, onde quer que ocorram.

Senhor Presidente,

Quero estender ao Sudão do Sul as boas vindas à nossa família de nações. O Brasil está pronto a cooperar com o mais jovem membro das Nações Unidas e contribuir para seu desenvolvimento soberano.

Mas lamento ainda não poder saudar, desta tribuna, o ingresso pleno da Palestina na Organização das Nações Unidas. O Brasil já reconhece o Estado palestino como tal, nas fronteiras de 1967, de forma consistente com as resoluções das Nações Unidas. Assim como a maioria dos países nesta Assembléia, acreditamos que é chegado o momento de termos a Palestina aqui representada a pleno título.

O reconhecimento ao direito legítimo do povo palestino à soberania e à autodeterminação amplia as possibilidades de uma paz duradoura no Oriente Médio. Apenas uma Palestina livre e soberana poderá atender aos legítimos anseios de Israel por paz com seus vizinhos, segurança em suas fronteiras e estabilidade política em seu entorno regional.

Venho de um país onde descendentes de árabes e judeus são compatriotas e convivem em harmonia – como deve ser.

Senhor Presidente,

O Brasil defende um acordo global, abrangente e ambicioso para combater a mudança do clima no marco das Nações Unidas. Para tanto, é preciso que os países assumam as responsabilidades que lhes cabem.

Apresentamos uma proposta concreta, voluntária e significativa de redução [de emissões], durante a Cúpula de Copenhague, em 2009. Esperamos poder avançar já na reunião de Durban, apoiando os países em desenvolvimento nos seus esforços de redução de emissões e garantindo que os países desenvolvidos cumprirão suas obrigações, com novas metas no Protocolo de Quioto, para além de 2012.
Teremos a honra de sediar a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, em junho do ano que vem. Juntamente com o Secretário-Geral Ban Ki-moon, reitero aqui o convite para que todos os Chefes de Estado e de Governo compareçam.

Senhor Presidente e minhas companheiras mulheres de todo mundo,
O Brasil descobriu que a melhor política de desenvolvimento é o combate à pobreza. E que uma verdadeira política de direitos humanos tem por base a diminuição da desigualdade e da discriminação entre as pessoas, entre as regiões e entre os gêneros.

O Brasil avançou política, econômica e socialmente sem comprometer sequer uma das liberdades democráticas. Cumprimos quase todos os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, antes 2015. Saíram da pobreza e ascenderam para a classe média no meu país quase 40 milhões de brasileiras e brasileiros. Tenho plena convicção de que cumpriremos nossa meta de, até o final do meu governo, erradicar a pobreza extrema no Brasil.

No meu país, a mulher tem sido fundamental na superação das desigualdades sociais. Nossos programas de distribuição de renda têm nas mães a figura central. São elas que cuidam dos recursos que permitem às famílias investir na saúde e na educação de seus filhos.

Mas o meu país, como todos os países do mundo, ainda precisa fazer muito mais pela valorização e afirmação da mulher. Ao falar disso, cumprimento o secretário-geral Ban Ki-moon pela prioridade que tem conferido às mulheres em sua gestão à frente das Nações Unidas.

Saúdo, em especial, a criação da ONU Mulher e sua diretora-executiva, Michelle Bachelet.

Senhor Presidente,

Além do meu querido Brasil, sinto-me, aqui, representando todas as mulheres do mundo. As mulheres anônimas, aquelas que passam fome e não podem dar de comer aos seus filhos; aquelas que padecem de doenças e não podem se tratar; aquelas que sofrem violência e são discriminadas no emprego, na sociedade e na vida familiar; aquelas cujo trabalho no lar cria as gerações futuras.

Junto minha voz às vozes das mulheres que ousaram lutar, que ousaram participar da vida política e da vida profissional, e conquistaram o espaço de poder que me permite estar aqui hoje.

Como mulher que sofreu tortura no cárcere, sei como são importantes os valores da democracia, da justiça, dos direitos humanos e da liberdade.

E é com a esperança de que estes valores continuem inspirando o trabalho desta Casa das Nações que tenho a honra de iniciar o Debate Geral da 66ª Assembleia Geral da ONU.

Muito obrigada."

17 de setembro de 2011

Até que o carro tele-mensagem os separe

Há muito tempo faço parte de uma comunidade do Orkut chamada “Eu odeio carro tele-mensagem”. Há coisa mais brega do que isso?

Pra começar, o próprio veículo. Um carro velho (já vi até uma Kombi!), cheio daqueles acessórios bregas (canaleta no vidro, um monte de patuá no retrovisor, calota prateada e adesivos de corações, cavalos alados, pombinhos, cupidos, rosas e palavras bregas, como “emoções”, “paixão”, “te amo”, “amor”, “parabéns”. Existe uma regra entre os pegueteiros que “o carro reflete o que é o seu dono”, e isso é aplicável perfeitamente aos carros tele-mensagem. Num misto de Silvanno Sales e Zé Baiano (da dupla Zé Baiano e Feliciano), desce aquela figura esdrúxula de bermuda jeans, camisa colete, boné promocional, pochete de couro, tênis branco sem meia e pega o microfone, onde ao som de Kenny G e outras músicas de motel, entoa uma voz de locutor de bingo para ler mensagens mais bregas ainda, que sempre terminam com o clichê “obrigado por você existir”.

Hoje ao sair da sala de aula, um funcionário da Universidade me informou que uma pessoa me procurava na porta. Sem saber o que era, fui, e me deparei de cara com um carro de mensagem. Fiquei parado para ver quem haveria recebido aquele carro, e fiquei só esperando para sacanear a pessoa. Eis que chamam o meu nome. Me senti o próprio noivo pelo pelo “Casamento Surpresa” do programa da Márcia Goldschimidt. A homenagem foi feita pelos alunos, pela minha despedida. Mas a homenagem foi legal.

Não que tenha ficado emocionado na hora que tocou “amigos para sempre” e o rapaz soltou os fogos de artifício, mas por ter conseguido me arrancar boas risadas e subsidiar conteúdo para esse artigo.

A trilha sonora é ótima!
Aniversário: Sempre toca “hoje vai ter uma festa, bolo e guaraná, muitos doces pra você”, onde todas as mulheres começam a dançar e pular como se fossem as mais originais do mundo. Algumas piores ainda ficam falando entre si como se fossem crianças.

Despedida: “Amigos para sempre” é clássica. Na parte em que a mensagem brega é lida, abaixa-se o volume e toca “Amigo é coisa pra se guardar...”, quando acaba a mensagem aumenta-se estupidamente o som no refrão da música.

Outros: Esse serve pra batizado, aniversário de namoro, formatura, etc. Sempre dá um jeito de tocar “Quando eu estou aqui, eu vivo esse momento lindo”. Sendo em Salvador, ainda existem carros que toquem uma ou duas músicas de arrocha. Outra que está no Top 10 dos carros tele-mensagem é o tema de Titanic, de Celine Dion e Unbreak my Heart.

Quando a brincadeira é feita pra sacanear ou brincar com alguém, realmente é válida. Mas quem já teve a sorte de presenciar a cena de alguém se emocionar de verdade com a cena? É o que há de mais tosco. Quando pára na porta da casa, todos os vizinhos cercam o carro, e só de começar a tocar qualquer acorde do Roberto Carlos começa o chororô. Quem está ao lado do homenageado o abraça, consola, faz cara de respeito (semi-cerrando os olhos, juntando os lábios pra dentro e sacudindo a cabeça lentamente em sinal positivo), e o sacaneado, quer dizer, homenageado, guarda com todo o carinho o cartão e o CD escrito “Fortes Emoções”, que ganhou de presente do carro tele-mensagem.

Mas uma coisa é certa, receber carro tele-mensagem de namorada é o fim! Por isso sou a favor da pena de morte. Mas aviso logo no início do relacionamento. Sejamos felizes até que o carro tele-mensagem nos separe.

Por Cleber Paradela em 01/04/2005

1 de setembro de 2011

Diversão e raça sobre rodas: Emoção e aventura, disputa nas trilhas e passeios ecológicos

Manhã chuvosa de sábado. A repórter aqui segue rumo ao município de Conde, litoral norte da Bahia (seu acesso encontra-se 103 km após o começo da Linha Verde em Praia do Forte) a bordo de um jipe vermelho, com tração 4x4. O clima é de expectativa, porque a chuva promete lama no percurso de quatro horas de rally. O jipe está equipado com pneus radiais (pneu que não tem câmera de ar), desaconselháveis para terreno escorregadio. O câmbio também causa receio. Mas o jeito é encarar a prova e ver se o Jipe sai dela inteiro.

Vidros fechados, ar condicionado ligado e pé na estrada rumo ao balneário de Mangue Seco. O trajeto é pesado, mas o traçado da trilha é bem elaborado para os rallizeiros. A cada curva, subida ou descida uma surpresa. E o Jipe ali, agüentando firme. A bordo, um dublê de piloto e outro de navegador, nos bancos da frente, e dois advogados atrás. No caminho, mais um advogado pede carona. Agora o carro está cheio e os solavancos ficam cada vez mais fortes.

A cada dificuldade no trajeto, basta reduzir a marcha e o jipinho mostra raça sem ameaçar atolar, por mais espesso que seja o lamaçal. A primeira derrapada só acontece no final da manhã. O Jipinho foge do retão e cai numa vala junto ao canavial. Um vitara presta socorro. Mas, nada de grave. Ou melhor, pura diversão. O outro escorregão foi numa curva com 45 graus de descida. O carro escorrega de lado e para junto a um barranco. Aí basta engatar a ré e o vitara já está de novo aprumado e no rumo certo. A chuva diminui e a volta ao hotel é mais tranqüila.

Para quem participou da segunda etapa do Jeep Cross de Conde, a briga foi contra o relógio. Como a prova disputada dia 12 de julho se tratou de um rally de regularidade e o levantamento feito pela organização se deu estradas enxutas, foi complicado para as equipes se ajustarem aos cronômetros. Assim, quem achou que o trabalho ficou com os pilotos acabou se enganando. Os navegadores tiveram de dar duro para recuperar terreno e perder o menor número de pontos possível. No grid de largada, dos 103 jipes, 26 eram da categoria Graduados e 77 da categoria Turismo.

Ai valeu a experiência da dupla campeã do ano passado, na categoria Graduados. O piloto baiano Davidson Well (Professor Talaco) conseguiu controlar sua Land Rover no lamaçal e obedeceu aos comandos do navegador Augusto Carneiro (Rato), no momento de acelerar ou reduzir marchas. Na classe Turismo, a dupla baiana Roberta Almeida (Penélope Charmosa) e Andréa Vieira (Mortadela), também fizeram o maior sucesso.
Davidson ganhou a prova do ano passado também debaixo de muita chuva, mas se mostrou surpreso com tanta lama, desta vez. “Quando corremos no Sul, encontramos muito mais poeira do que aqui, e ainda dizem que no Nordeste não chove. Mas eu prefiro pilotar em terreno molhado porque favorece a qualidade de nossa equipe”, comentou o baiano.
As garotas também gostaram da chuva. O mais incrível é que Roberta e Andréa estão correndo juntas pela segunda temporada e só decidiram participar deste rally um dia antes da largada. “Roberta me ligou e eu topei na hora, mesmo sabendo que o tempo chuvoso ia dificultar nosso trabalho. Mas, ela conseguiu controlar bem o carro e deu para vencer”, disse Andréa.

Na categoria Graduados as duplas Anselmo Junior (Pára-choque)/ Washignton Araújo (PC) e Marcos Martinez (Marta Rocha)/ Ede Assemany Junior (Pininga), ambos daqui da Bahia, chegaram logo atrás da dupla vencedora. Na categoria turismo, a dupla vencedora foi seguida por Luiz Galvão (Terra.com)/ Danielson Lima (To no regue) e João Eduardo (João Maluco)/ Alexandre Almeida (Kruel). Agora, os rallizeiros vão disputar as etapas de Maceió, Natal e Fortaleza.

Os integrantes do grupo participam de competições em percursos radicais (terrenos acidentados, com pedras e erosões), e também na areia e serra (ecológicos). Há ainda o Roteiro Determinado de Itinerário Desconhecido (Raid), passeios que duram de 6 a 7 horas. Os jipeiros participam também do Endurance, prova com obstáculos em que são avaliadas as habilidades de direção, e a Indoor, atividade semelhante, realizada em circuito fechado.

“Quando as competições são em dias de chuva, nossa alegria é garantida, pois ultrapassar os obstáculos do percurso fica mais emocionante”, garante Luiz Galvão (Terra.com). Porém é importante fazer uma manutenção prévia do veículo, principalmente a cada trilha radical, pois algumas pecas podem ser danificadas. Isto fica em torno de R$ 100 por mês.

História

Em 11 de setembro de 2001, foi fundado o Free Road 4x4. A trajetória é simples, divertida e a cada dia, mais interessante.

Tudo começou, quando um grupo de amigos amantes do esporte fora de estrada (off road), reunia-se para promover passeios e trilhas em Salvador e Lauro de Freitas. O grupo foi crescendo e, os mais atuantes, sentiram a necessidade de se organizar, visando sempre à qualidade e a segurança dos participantes.

O Eco Free Road em Rio de Contas na Chapada Diamantina, foi sem dúvidas o marco principal deste grupo que surgiu para aqueles que apreciam o esporte aventura e a natureza. O clube tem hoje uma parceria firmada com a Secretaria do Meio Ambiente do Estado, participando do descobrimento de novos caminhos turísticos, bem como de denuncias contra o desmatamento, as pescas predatórias, queimadas e caca a animais selvagens. Participam de programas sociais como: campanhas para a arrecadação de alimentos, brinquedos e roupas, que sempre são distribuídos no Dia das Crianças e no Natal, em comunidades carentes do interior do estado. Além de participar do programa de vacinação infantil, já tendo atingido 98% de abrangência em áreas antes não visitadas pelas autoridades de saúde.

Aventura e emoção. Estas são duas palavras que já foram incorporadas à rotina dos associados do Free Road 4x4, que todos os finais de semana participam de competições em trilhas radicais e passeios ecológicos em regiões de Salvador e do Brasil.

Segundo Miguel Carneiro (Urubu), um dos diretores do Free Road, a associação existe há dois anos e atualmente possui 80 sócios.

“Este é um clube de recreação mesmo, pois participamos de campeonatos por causa da adrenalina, claro, mas também para nos divertimos e ajudar a população carente do estado. Muitos jipeiros não se juntam a nos porque acham que só fazemos trilhas radicais e perigosas, mas não é isso. Promovemos muitos passeios turísticos pelas cidades”, explica Davidson (Professor Talaco), um dos sócios.

De acordo com Luiz Galvão, muitos jipeiros levam a família nas viagens para percorrer trilhas leves e experimentar a sensação de integrar excursões de jipe.

“Tem gente que leva os filhos, ate os netos. Da para agradar a todos. Meu sogro acabou comprando um jipe por minha causa, e agora tenho que aturar ele nas viagens e em casa”, brinca Luis, que costuma viajar com a mulher e a filha de seis anos.
Apesar de toda a união dos jipeiros, um dos diretores do clube explica que pretende resgatar a historia do grupo.

“Este ano conseguimos mais ou menos 15 associados, e resgatamos uns cinco ou seis.
Em 2002 o clube era mais intenso, mas muitos foram se desligando devido a problemas com a agenda”, diz Miguel, que espera poder reunir os fundadores em uma festa no final do ano.

http://www.bahiaoffroad.com.br/dicas

http://www.freeroad4x4.com.br/

27 de agosto de 2011

Onde se ganha o pão…não se come a carne...

Pois é, já diz o ditado que “Onde se ganha o pão, não se come a carne”…mas estão comendo…e muito!

Peço desculpas pelo trocadilho grosseiro e licença para abordar um assunto cada vez mais comum no mundo corporativo: os romances no trabalho.

O número de horas que passamos trabalhando, é consideravelmente maior do que o que passamos em outros ambientes, então vamos concordar que chega a ser natural esse tipo de envolvimento. São pessoas que compartilham da mesma network, tem interesses parecidos e a convivência diária acaba gerando uma conseqüente aproximação.

Tudo tem início quando começamos (Sim! Esta que vos fala, também está inclusa!) a ter um olhar diferente sobre aquele colega novo ou até mesmo por aquele que já estava lá há um bom tempo e nunca tínhamos reparado.

Encontros e esbarrões na copa, na copiadora, nos corredores, nos elevadores, no restaurante…olhares compridos e aquelas considerações iniciais:
Ah! Se não fosse casado!..ou..Ah! Se não fosse safado…ou ainda…Ah! Se não fosse viado!

Por mais que você até tente evitar, em algum momento a aproximação será inevitável. E nesse caso, a única ressalva inteligente é eliminar os comprometidos e os chefes…de resto, olhe o crachá para ver o setor e seja feliz.

Muitos dos casos, ficam apenas em uma saída sem compromisso e não segue adiante…nessas situações, a pior parte é o “pós-venda”…encarar a figura na manhã seguinte como se nada tivesse acontecido e se concentrar na reunião enquanto você tem aquela certeza silenciosa de que ele está te olhando e lembrando que viu tudo o que a sua
roupa tenta esconder.

Há também os desejos ocultos… aqueles que ficam somente na imaginação e sobrevivem na sua condição platônica.

Contudo, quase nunca a experiência fica somente nos olhares ou em uma única saída…e pode até virar namoro mesmo, daqueles que toda a empresa toma conhecimento, inclusive de quando ele termina.

Aí é que entram as complicações… se envolver é natural, estar junto é bom enquanto dura, mas na hora de terminar, maturidade é imprescindível!!!

Nada de descontar nos outros colegas, clientes e chefe a sua raiva, caso o affair não tenha acabado em comum acordo.

Elegância nesse momento é TUDO! A relação acabou, mas o emprego é o mesmo e contrariando os seus desejos de dar um chá de sumiço para a criatura, ela continuará lá na mesma folha de pagamento que você.

Não tem receita de bolo para aprender a lidar com essas situações, nem antídoto para ficar imune aos desejos carnais (ou seria empresariais?). A dica é entrar com consciência e sair com o bom senso…. palavra de quem já sucumbiu algumas vezes!

20 de agosto de 2011

DPVAT - Seguro obrigatório um benefício desconhecido

O homem possui direitos que muitas vezes fogem ao seu conhecimento. Prova disso é que todos nós pagamos o Seguro Obrigatório e poucos sabem qual sua utilidade.

Todos os anos, no momento em que efetuamos o pagamento do Imposto Sobre a Propriedade dos Veículos Automotivos (IPVA), nos deparamos com a obrigação de um pagamento adicional denominado DPVAT.

Como é obrigatório e sem ele não se licencia o veículo, pagamos sem muito questionamento julgando muitas vezes que estamos sendo mais uma vez explorados pelo poder público. Mas o que é realmente o Seguro DPVAT, para que serve e como utilizá-lo adequadamente?

O DPVAT significa literalmente Seguro Obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres que tem por finalidade dar cobertura financeira às vítimas de acidentes de trânsito. Sejam elas pedestres, passageiros ou condutores de veículos e tenham, ou não, responsabilidade direta pela ocorrência.

Este seguro obrigatório para todos os proprietários de veículos foi criado em 1974, pela Lei Federal n.º 6.194, e constitui um fundo administrado pela FENASEG, que congrega todas as empresas seguradoras em operação no Brasil, e que é aplicado em parte no pagamento de indenizações às vítimas de acidente.

O prazo para a reclamação do benefício é de até 20 anos após a data da ocorrência.

As solicitações podem ser feitas em qualquer companhia seguradora ou através do SINCOR (Sindicato do Corretores de Seguros) em cada estado mediante a apresentação de documentos que comprovem o sinistro (acidente).

Para esclarecer qualquer dúvida, o DPVAT tem uma Central de Atendimento para todo o Brasil que atende, sem custo, pelo telefone 0800-201204. Pela internet, acesse: http://www.dpvatseguro.com.br

DE QUANTO É A INDENIZAÇÃO?

Os valores pagos aos beneficiários das vítimas fatais e aos que adquirem invalidez permanente em decorrência do acidente é de R$ 6.754,01.

O reembolso das despesas médicas e hospitalares é de no máximo R$1.524,54 mediante comprovação detalhada.

QUEM TEM DIREITO AO SEGURO?

No caso de morte da vítima, cônjuge ou companheira (o), descendentes diretos (filhos e netos), ascendentes diretos (pais e avós) ou colaterais (irmãos e sobrinhos) conforme a legislação brasileira de sucessão.

A própria vítima seu tutor, responsável ou curador, no caso de invalidez permanente ou no ressarcimento das despesas.

QUAIS SÃO OS DOCUMENTOS NECESSÁRIOS?

- Cópia do bilhete do seguro obrigatório do veículo que tenha se envolvido no acidente, caso o mesmo tenha sido identificado.

- Cópias autenticadas dos documentos pessoais da vítima.

- Boletim de ocorrência policial.

- Laudo do IML ou atestado de óbito (em caso de morte).

- Comprovação de gastos médicos (internações, tratamentos, medicamentos, etc).


O QUE O DPVAT NÃO COBRE?

-Danos materiais dos veículos acidentados.

-Acidentes ocorridos fora do território nacional.

-Multas, impostos ou qualquer tipo de despesas financeiras atribuídas ao condutor do veículo envolvido decorrentes de ações e/ou processos.

12 de agosto de 2011

Conquistas....

Nem sempre existe uma sincronicidade em ser atraído e atrair alguém. É ótimo quando há recíproca e no momento em que os olhares se cruzam, nasce aquela vontade mútua de se aproximar. Mas quem disse que essa é a forma infalível e única para o início de um grande e duradouro amor? Doce engano!

Existem aquelas situações em que você conhece ou convive com alguém que não lhe desperta o menor interesse… aquela pessoa que você olha, não sente absolutamente nada e sequer passa pela sua cabeça, qualquer tipo de envolvimento com ela. Mas, eis que o outro alguém está pensando diferente e se sente muito atraído por você, ele sabe que você não sente o mesmo, mas acredita e aposta na possibilidade de reverter essa história e então… parte para a conquista.

Há quem diga que o prazer de conquistar alguém que se gosta, assemelha-se à chegada ao podium ou à cobrança de um pênalti nos momentos finais da decisão de uma partida, quanto você consegue fazer o gol da vitória. Exagero ou não, não há como negar o prazer de, finalmente, ter ao seu lado aquela pessoa que lhe desperta os mais nobres sentimentos e consegue lhe fazer feliz apenas pelo fato de existir. O caminho nem sempre é fácil e prazeroso… alguns levam muito tempo para conquistar e outros nem tanto, mas em qualquer dos casos, é bom lembrar que as conquistas são fundamentadas em sentimentos verdadeiros e por isso não há desistência ao primeiro sinal de recusa. É diferente de alguém que quer “ter” uma pessoa apenas para satisfazer o ego ou para se auto-afirmar como aquele que consegue tudo o que quer.

Chega a ser engraçado quando você percebe que aquela pessoa que antes não lhe encantava em nada, hoje toma por completo o seu coração e se transformou em uma das paixões mais intensas que você já teve. Conheço casais que se formaram depois de muitas tentativas de uma das partes em conquistar… isso não quer dizer, necessariamente, que foi preciso algum tipo de pressão ou insistência, muito pelo contrário… a conquista só é autêntica quando é firmada nos méritos de quem conquistou. Não é sendo inconveniente ou cansativo que se conquista alguém… o ditado “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”, pode até funcionar em muitos outros casos, mas não nesse.

A conquista é genuína quando a outra pessoa consegue enxergar o que o seu coração está mostrando, quando as qualidades ficam tão óbvias que os defeitos começam a parecer pequenos… quando se descobre o que existe além daquilo que você estava acostumado a ver. A sensação de ter ao seu lado aquela pessoa que esteve nos seu sonhos por tanto tempo, é como continuar sonhando, mas desta vez bem acordado. Acerta quem não desiste, não se torna agressivo ou apelativo para ter ao seu lado quem ama, mas erra feio aqueles que pensam que a conquista é feita uma única vez… ela é cotidiana, se fortalece nos detalhes, nos mimos… e desaparece se você achar que não precisa fazer mais nada para manter acesa todas as chamas desse amor.

7 de agosto de 2011

Amigos - são fundamentais



Li uma mensagem "hoje" e imediatamente me veio à mente muitas pessoas especiais, aquelas pelas quais sinto o coração bater mais forte, seja de emoção por estarem perto, seja de saudade por estarem longe. O fato é que todas essas pessoas foram “peças” de fundamental importância nesse longo caminho que venho trilhando desde que nasci. Com cada uma delas aprendi um pouco, com cada uma delas tive momentos bons e ruins, com cada uma delas vivi momentos inesquecíveis (apesar de geralmente esses momentos passarem sem darmos seu devido valor). Cada risada, cada discussão, cada trabalho de escola, cada brincadeira, cada conversa, cada desabafo, cada plano, cada sonho, tudo isso faz dessas pessoas um pedaço de mim. Você é um pedaço de mim.

É verdade que a maioria delas eu não procuro, também é verdade que muitas vezes não sei nem como estão, mas mais verdade ainda é que todas elas “vira e mexe” estão no meu pensamento, nas minhas orações, nas lembranças de momentos felizes que infelizmente não voltam mais.

Amigos, peço desculpas se um dia os magoei, se um dia os fiz chorar. Peço desculpas também por ser tão relaxada, tão descuidada a ponto de não os procurar, de não estar presente nos momentos mais importantes, de não dividir angústias, de não dar conselhos, de não ouvir seus lamentos, de não ouvir suas novidades (aquelas que contamos pelo menos dez vezes a um amigo simplesmente pelo fato de nos trazer enorme alegria).

O tempo é uma arma fantástica, capaz de nos fazer “esquecer” tragédias, de nos fazer superar tristezas, de nos fazer aceitar o que pensávamos que jamais aceitaríamos. O tempo é tudo isso, sim. Porém, o tempo não é capaz de afastar boas recordações, não é capaz de destruir os bons sentimentos, não é capaz de arrancar de dentro da gente o carinho e o amor que carregamos em nossos corações. Por tudo isso é que o tempo não pôde e nunca vai poder tirar você de dentro de mim.

“Falo” tudo isso do fundo do meu coração. Aliás, “falo” tudo isso do fundo da minha alma, pois, quando um dia o meu coração parar de bater, a minha alma levará consigo todo esse sentimento, todo esse amor que vocês me fizeram conhecer e sentir.

Obrigada, amigos! Obrigada por tudo que vivemos, obrigada por tudo que me fizeram, obrigada por tudo de bom que vocês geram dentro de mim. O que eu queria mesmo era poder estar sempre presente, vivendo e aprendendo dia-a-dia ao lado de cada um de vocês. É uma pena que a gente não possa se dividir em dezenas de pedacinhos...

Eu só peço que vocês acreditem nas minhas palavras e que nunca esqueçam que, apesar da distância, eu estarei disponível sempre que precisarem. De verdade.

*Não sei quem é o autor

26 de julho de 2011

Será que foi amor...

Andei pensando em você e em tudo o que vivemos. Recordei nossos momentos felizes e todas as vezes que você me fez chorar. O curioso é que no resumo de toda essa história, as lágrimas vencem os sorrisos.

Fiz tantas concessões, abri mão das coisas que eu gostava para participar das suas, mudei completamente o meu jeito contestador para apenas dizer “sim” aos seus caprichos e vontades.

Desconsiderei a minha forma natural de amar, para te amar da maneira esquisita que você queria… sem promessas, afagos ou entrega. Amei quieta, sozinha… discreta para não deixar o coração transbordar e mostrar quanta paixão existia dentro de mim. Fui silenciosa para não amedrontar alguém que não entendia o que é o amor e se assustava com ele… achava que por não amar e querer ser livre, também não deveria ser amado.

Aceitei me submeter e fui marginal da sua vida, sendo que você era o sentido principal da minha. Engoli as palavras que você precisava ouvir, evitando brigas para não te perder. Preferi fechar os olhos todas as vezes que você feria a minha confiança, todas as vezes que você ignorava a minha presença ao seu lado e todas as vezes que precisei do seu abraço e você não percebeu.

Sentia uma necessidade quase sufocante de dizer que te amava todas as vezes que você sorria pra mim, mas não dizia… não dizia, pois não ouviria a mesma coisa e esse seria um motivo para você dizer que não poderíamos continuar juntos, já que não sentia o mesmo por mim.

Fingi… fingi não amar, fingi apenas gostar de estar perto e me divertir com você. Fingi que você não era a razão da minha alegria secreta, fingi que poderia viver sem você, fingi que não te queria pra sempre, fingi que você era apenas mais um.

O mais engraçado é que já vi muitas pessoas fingirem amar alguém, para fazer o outro feliz… mas pela sua natureza tão contraditória e fria, precisei fazer o contrário.

Dizem que o amor nos tira um pouco a razão e esse é o único motivo que me apego para justificar todas as humilhações e tristezas que vivi ao seu lado. Foi o maior amor que já tive, mas sem dúvida o que me trouxe mais dores e que deixou marcas profundas na minha alma… mas espero que não sejam eternas e que um dia elas desapareçam.

Mesmo tendo vivido tudo isso ao seu lado, sei que o amor não é assim… sei que amar é estado de felicidade constante, é não ter medo de falar ou tocar, é estar perto e poder mostrar e dizer o quanto ama… é ser respeitado por possuir um sentimento tão nobre, é não sufocar lágrimas, é chorar só por saudade ou alegria.

Ao seu lado não tive a possibilidade de viver tudo isso, muitos dirão que fui cega, que me enganei, que me anulei por você… e que isso não era amor e sim obsessão.
Mas posso garantir que para ter ficado tanto tempo com você, apesar de tudo que passei… deve ter sido amor sim… só pode ter sido amor!

23 de julho de 2011

"O bonito me encanta, mas o sincero, ah! esse me fascina"

“A vida não é um questionário de Proust. Você não precisa ter que responder ao mundo quais são suas qualidades, sua cor preferida, seu prato favorito, que bicho seria. Que mania de se autoconhecer. Chega de se autoconhecer. Você é o que é, um imperfeito bem-intencionado e que muda de opinião sem a menor culpa.”

Martha Medeiros

16 de julho de 2011

Quando um certo alguém…cruzou o seu caminho...

Levamos tempo pensando, idealizando e esperando alguém que chegará para preencher aquele lugarzinho no coração que anda desocupado e ansioso por acolher um amor...

Então estamos o tempo inteiro imaginando que essa pessoa aparecerá naquela festa, na fila do cinema, no restaurante, no bar… e todas as vezes que saímos com esta expectativa, esse alguém não aparece. Mas quando você menos espera...

Eu estava dirigindo o meu carro em um fim de tarde de domingo… voltando para casa, sem nenhum pensamento específico, apenas cantando as músicas de Lulu Santos que rolavam no rádio do carro.

Ao olhar para o lado, percebo que tem um carro empa...relhado com o meu e que o motorista estava lhe olhando com um ar de paquera. Como isso é algo comum de acontecer no trânsito, pensei se tratar de “mais um” e acelerei para não continuar ao lado do rapaz....

Mas ele acelerou também e voltou a ficar lado a lado comigo… dessa vez, ele sorria e eu também não consegui ficar séria. Mais uma vez acelerei e mais uma vez, ele foi atrás. Conseguiu se aproximar de novo e fazia gestos pedindo o meu telefone. Apesar de estar achando tudo muito engraçado, eu continuava balançando a cabeça dizendo que não daria o número. Ele insistia e parecia não se convencer… pediu que entrasse no retorno que estava próximo e que ele estava se direcionando, mas eu não entrei e ele sim… buzinei me despedindo e segui adiante, enquanto via pelo retrovisor, o carro dele indo embora....

Depois disso, senti um súbito arrependimento… talvez pela música de Lulu que tocava, como um sinal do universo, dizendo: “quando um certo alguém, cruzou no teu caminho, te mudou a direção…” e a música fazia o arrependimento aumentar. Ele er...a lindo e tinha um sorriso encantador… putz! Nada mais a fazer! Será??? Quando achava que tinha feito uma grande besteira, olhei para o lado e lá estava ele, novamente! Nos olhamos e rimos… ele tinha feito um retorno imenso para voltar até onde eu estava… encostou, me pediu para abrir o vidro e disse:

‎- Depois de fazer todo esse retorno, será que agora eu não mereço o seu telefone? Dei risada e disse: – Merece sim! Falei o número para ele, que ligou de pronto e então começaram a conversar, ali mesmo, naquele trânsito parado, por conta dos engarrafamentos. Disse que ele era maluco, ele me disse que eu era linda e que faria mil retornos, se fosse preciso...

Combinamos de nos conhecer… mas os próximos capítulos, só depois. E você pode estar se perguntando: o que eu tenho a ver com essa história? Talvez tudo… primeiro que você pode estar perdendo tempo procurando algo que, quase sempre, aparece ...quando e onde menos se espera… e segundo que você pode estar resistente em correr atrás de quem quer ao seu lado, por medo ou qualquer outro sentimento que te impeça de arriscar e ser feliz. Acho que nessa história, fica claro as inesperadas armações do destino e o quanto é preciso ir em busca do que queremos. Só podemos saber se vai dar certo, tentando…

*Não é correto o uso de celular no trânsito, nem atitudes que possam desviar a atenção do motorista.

23 de junho de 2011

Dupla Atração...

Feeling... Para uns, é a consciência subjetiva para uma experiência. Para outros é simplesmente ter um feeling e pronto! Para mim é uma coisa que eu nasci sem!

Charme... Qualidade daquele ou daquilo que agrada. De uma forma resumida, é algo que encanta. Vamos trabalhar com a possibilidade que as pessoas já nascem com. Eu, para contrapor essa teoria, nasci sem!

Sorte... Para uns, é quase sinônimo de destino, e supondo que sorte é a possibilidade de alteração de destino de forma positiva, óbvio que eu também nasci sem!

Namorado... Para uns é a instituição de um relacionamento interpessoal que tem como função a experimentação sentimental e/ou sexual entre duas pessoas. Ufa! Ainda bem que eu nasci com sentimento e capacidade física para práticas sexuais. Mas em relação a namorado, preciso falar alguma coisa?

Sem feeling, sem charme e sem sorte, como é que alguém pode encontrar a pessoa certa para namorar?

A explicação está na filosofia da palavra atração. Que com 7 letras pode mudar o destino de qualquer criatura, inclusive a minha. Quando o significado está relacionado a provocar, suscitar, persuadir eu até me considero atraente. Mas quando passa a significar força de atração por meio gravitacional ou magnética, minha atração é puramente contraditória a teoria da relatividade.

Vá atrair homem comprometido assim, lá na casa do milhar... Nunca vi uma atração tão forte por homens proibidos.

Já rezei, tomei banho de sal grosso, parei de cobiçar o homem alheio, me faço de difícil para não pegar qualquer um... Mas não tem jeito. Volta e meia me vejo em um relacionamento enrolado e quando vou entender o por que da embolação, descubro que não sou nada oficial no status de relacionamento dele, puramente por que o ilustre cara de poste tem outra.

Tento encarnar a mulher moderna e sair da sinuca de bico, mas é exatamente nessa hora que a lei do imã amarrador me prende. Não consigo colocar um ponto final na história. E ela se torna mais instigante ainda, por que tem um sabor de proibido. Fruta doce no pé de pimenta. Coisa louca. Chama acesa. Cama pronta.

Ser amante tem lá as suas vantagens. Fico só com a parte boa da relação. Clima de romance, respeito e cuidados para que o “que há entre nós” fique apenas entre nós. Muita sinergia. Uma verdadeira dupla atração!

Mas como meus princípios falam mais alto, não consigo dar corda por muito tempo, por que quem acaba se enforcando sou eu. Por isso curto umas saídas, renovo minha alto-estima e volto ao meu estado de sempre: Solteira!


Fonte: Sindicato das Tetéias

20 de junho de 2011

Defeitos...

Início de relacionamento! Aquela etapa em que o casal começa a se conhecer e descobrir personalidade e preferências um do outro, sabe? Acho gostoso esse período, embora também ele seja recheado de surpresas que nem sempre são tão agradáveis… mas, fazer o quê? Além de nós, ninguém é perfeito, né?

Acho divertido ficar descobrindo os detalhes que formam aquela pessoa que, no momento, está tomando todos os nossos pensamentos e atenções. Fica uma vontade inexplicável de descobrir o que mais agrada, a forma que pensa sobre determinados assuntos, as músicas que ouve, o que gosta de fazer nas horas vagas… enfim, tudo o que possa te levar para mais perto desse novo mundo que quer se misturar ao seu....

Durante esse processo de conhecimento, existe um ponto ao qual quero me ater e propor uma breve reflexão: a maneira que o atual se refere à ex. Sim, obviamente, uma das maiores curiosidades, e porque não dizer a maior, é saber como acabou o... último relacionamento da pessoa que está com você… e quem terminou. Costumamos pensar que quem terminou é a parte forte, a que não gostava mais e que por isso não vai querer utilizar do recurso flashback…. há controvérsias!

Nem sempre a parte que termina é a que não ama mais… as vezes o lado que mais ama não está sendo correspondido e decide terminar para não se mutilar. Sendo assim, não há regras! Mas o ponto onde quero chegar, é o seguinte...

Há um grande número de homens que ao saírem de um relacionamento e entrar em outro, começam a “atacar” a ex de uma forma covarde… levam horas falando para a atual todas as atitudes da moça que “ele” considerava defeito, conta as brigas, as ...manias, fala mal da família dela e alguns chegam ao terrível exagero de descrever detalhes íntimos que não lhe agradavam. É claro que na versão de quem conta, o vilão é sempre aquele que está do lado oposto e de acordo com a sua narrativa, o culpado nunca foi ele. Acredito que é válido, até para a tranqüilidade da atual namorada, o cara deixar explícito em poucas falas a sua relação com a ex… esse é um ponto que deve mesmo ser esclarecido, mas daí a discorrer horas e horas as particularidades negativas ou até positivas da outra, já ultrapassa o bom senso...

Se nos primeiros dias de relacionamento o rapaz passa um bom tempo detonando a ex, o que lhe faz pensar que com você será diferente? Quem garante que vocês ficarão juntos para sempre? Se não ficar, tenha certeza que em algum momento você ta...mbém será a bola da vez. Pode até variar a intensidade, os adjetivos usados… mas que ele vai falar mal de você também, isso é certo! A elegância precisa imperar nessas etiquetas de conduta… um cavalheiro não tem memória, que isso fique bem claro! O respeito com o qual nos referimos às pessoas que passaram pela nossa vida, ainda que de forma desastrosa, diz muito sobre o grau de educação emocional que possuímos....

Depois que já ficou claro que a ex… ou o ex (isso vale também para as meninas, ok?) não representa nenhuma ameaça, preserve a história e deixe que ela fique guardada no passado. É o melhor a se fazer! Principalmente pelo fato de ser condená...vel falar de alguém que não está ali para se defender e contar a sua versão. Penso que falar mal de uma pessoa que esteve ao nosso lado por tanto tempo, nos deixa em situação, no mínimo, vulnerável. Será que não compartilhamos das atitudes que condenamos enquanto foi conveniente e só depois nos colocamos em condição de feridos? Vale uma reflexão… De qualquer forma, os personagens que passaram pela nossa história, ajudaram a construí-la… e de um jeito ou de outro, foram importantes… com todos os seus defeitos e qualidades.

6 de junho de 2011

Ainda existe cavalheirismo?

Hoje, a tarde, fui à uma consulta médica e me deparei com a seguinte situação:
Cheguei meio atrasada e fui correndo pegar o elevador para subir, quando a porta já estava se fechando e um rapaz, vendo o meu desespero para conseguir entrar, sequer se deu ao trabalho de apertar o botão para segurar a porta.

Tudo bem! Enfiei o meu braço entre as portas, correndo o risco de perdê-lo e consegui entrar no elevador.

Éramos quatro no recinto e todos os andares acesos no painel, iam para depois do sétimo, que era o meu destino.

Enquanto estávamos subindo, o meu celular tocou e quando puxei da bolsa para atender, o ticket do estacionamento veio junto e caiu nos pés do troglodita que não segurou a porta para mim.

O papel estava praticamente, embaixo do sapato do moço e ele nem insinuou se abaixar para pegar.

Então eu que estava com a bolsa, o celular na orelha e na outra mão um livro para ler na sala de espera, tive que me abaixar aos pés dele… convenhamos que em uma posição até constrangedora, visto que estávamos um de frente para o outro, e pegar o ticket.

O “das cavernas”, aparentava uns 35 anos, estava bem vestido e tinha uma cara antipática.

Acreditem… esse rapaz conseguiu me tirar do sério!

A minha vontade era de dizer um monte de desaforos para ele, mas fui racional o suficiente para engolir tudo.

É óbvio que ele não tinha obrigação de fazer nada disso para mim, mas gentileza é uma virtude.

Que tipo de educação esse rapaz teve?

Não tenho medo de arriscar em dizer que ele deve ser um péssimo namorado.
Esse tipo de comportamento denota falta de educação, preguiça e arrogância.
Fico revoltada quando encontro homens assim.

Não acredito que aquele foi apenas “um momento” dele e que normalmente, deve ser um cara muito solícito e educado.

O cavalheirismo é involuntário… quase automático.

Nenhum homem força ou esquece de ser.

Não vamos ser radicais e “exigir” que nos dêem passagem, lugares para sentar ou que abram a porta do carro… isso aí já é um plus e são raros os que agem assim.

Mas o mínimo de educação não faz mal à ninguém, concordam rapazes?

A mulher tem lutado durante anos pela igualdade, sim… mas nunca pela falta de gentileza entre os sexos.

O homem há muito não tem mais o papel específico de provedor, mas protetor ele precisa ser sempre.

Se não for assim perde a graça, meninos!

Talvez alguém ache que me irritei com besteira ou me acusem de estar na TPM.
Não penso que foi à toa, achei o motivo muito contundente… e a minha reação também não foi hormonal.

Apenas confesso que cavalheirismo é bom e eu gosto!

4 de junho de 2011

Íntegra da entrevista do ministro Palocci à TV Globo

Segundo jornal, ele ampliou patrimônio em 20 vezes entre 2006 e 2010.
'Não fiz tráfico de influência', disse ministro-chefe da Casa Civil


Leia abaixo a íntegra da entrevista concedida pelo ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci à TV Globo. Ele falou sobre reportagens que apontam seu aumento patrimonial e suposto tráfico de influência. "Não fiz tráfico de influência", afirmou o ministro.

Ministro, eu gostaria de começar essa entrevista perguntando ao senhor quanto que a empresa de consultoria do senhor, a Projeto, faturou de 2006 a 2010 ano a ano?

Todo o faturamento da empresa foi registrado nos órgãos de controle tributário tanto da Prefeitura de São Paulo, quanto da Receita Federal. Todo o serviço prestado pela empresa foi feito a partir de emissão de notas fiscais regulares e todos os impostos foram recolhidos. Se tratava de uma empresa privada, que prestava atividades privadas, que foi registrada em meu nome e de meu sócio na Junta Comercial de São Paulo. Portanto eu não tive uma atividade reservada, tive uma atividade pública. Agora, os números da empresa são números que eu gostaria de deixar reservados porque não dizem respeito ao interesse público. Agora, os contratos, sim, aquilo que eu fiz, serviço que eu prestei, como eu atendi as empresas que tinham contrato com a Projeto, posso falar perfeitamente sobre eles.

Agora em relação aos ganhos, ministro, surgem alguns valores. A ‘Folha de S.Paulo’ deu inclusive que no ano de 2010 houve um faturamento de R$ 20 milhões e nos meses de novembro e dezembro, R$ 10 milhões só nesses dois últimos meses, meses em que o senhor estava participando da transição do governo. Esses valores são verdadeiros?

Os valores podem ser aproximados, eu não tenho eles nesse momento. Mas o que ocorre é que no mês de dezembro eu encerrei as atividades da empresa, dado que ia assumir um cargo na Casa Civil, no governo federal. Eu promovi um encerramento das atividades todas de consultoria da empresa, todos os contratos que eu tinha há dois anos, há cinco anos, há três anos, foram encerrados e eles foram quitados. Ou seja, aqueles serviços prestados até aquele momento foram pagos nesse momento. Por isso que há uma arrecadação maior nesse final de ano, mas são contratos de serviços prestados. Hoje, por exemplo, a empresa não tem mais nenhum contrato, nenhuma arrecadação, nenhum valor.

Ministro, eu queria esclarecer exatamente esse ponto e que o senhor explicasse para a gente. Normalmente, uma empresa quando ela vai encerrar os trabalhos, ela reduz o faturamento, ela tem que pagar impostos, ela tem que se organizar. E o senhor disse que, nessa última fase, nesses dois últimos meses, o faturamento aumentou muito. Como que é isso ministro?

Veja, não aumentou muito. Apenas você tem um faturamento maior nesse período em relação a outro período do ano, porque neste período eu fiz um encerramento dos contratos, contratos que previam o pagamento, isso ao longo do tempo. Como eu antecipei o encerramento desses contratos, os serviços prestados até aquele momento foram pagos nesse momento. Muitas vezes, eles estavam previstos para ser pagos um ano depois, seis meses depois, ou quando se concluísse um determinado empreendimento de uma empresa. Como por força da minha entrada no governo deveria, como fiz, encerrar as atividades da empresa, então, nesse momento esses contratos foram encerrados e os serviços que tinham sido prestados até aquele momento foram pagos nesse momento. Mas não foram evidentemente serviços prestados naquele mês, foram serviços prestados ao longo de anos. Eu tinha, por exemplo, contratos de cinco anos.

Mas nesse período, ministro, então o senhor não estava recebendo nenhum dinheiro, já que tudo foi quitado no finalzinho?

Em relação a alguns contratos não estava. Eram previstos de ser pagos no final de um determinado empreendimento. De um determinado projeto, né? Então, neste caso aquilo que foi realizado de serviços até aquela data foi pago nesse momento. Porque eu entendo que as pessoas fiquem em dúvida, ‘mas porque se o trabalho teria sido realizado naquele mês?’. Não, não se trata disso. Se tratam de contratos longos como disse, alguns de quatro, cinco anos.

Então o senhor prestou o serviço, não recebeu durante esse período e só recebeu lá no final?

No final.

Mas isso se deve a que? À cláusula de sucesso?

Não, não. Se deve a projetos em andamento, projetos que não estão concluídos, eles têm uma previsão de pagamento ao final. Como eu interrompi os pagamentos em dezembro, porque encerrei as atividades da empresa, então foi pago o serviço prestado até aquele momento.

Agora, o senhor tinha cláusula de sucesso nos contratos?

Não, tinha previsão de ganhos em relação ao desenvolvimento de projetos.

Mas como especificamente, ministro?

Especificamente, se eu atuava para indicar um novo empreendimento para uma empresa, ao final daquele empreendimento você tinha um ganho em relação àquela consultoria que foi dada para esse empreendimento. Como eu encerrei em dezembro, então me foi pago, não o valor total em alguns casos, mas o valor do serviço prestado até aquele momento.

Mas isso não parece que o senhor tinha um ganho adicional se o senhor conseguisse garantir que certos negócios fossem fechados?

Não, não. Eu não trabalhava na garantia de negócios. Eu trabalhava na consultoria, no aconselhamento a empresas, em cenários econômicos, em discutir com as empresas quais eram as perspectivas, quais eram os riscos. Por exemplo, dar um exemplo objetivo, concreto. Na crise de 2008, muitas empresas para as quais a Projeto dava consultoria, estavam com contratos chamados derivativos cambiais, ou seja, contratos vinculados à moeda americana, ao dólar. Quando o mundo, naquele momento, estava entrando em crise. Então, eu atuei muito nesse momento para orientar a empresas a se desfazer contratos em dólar, na medida em que o dólar poderia ter variações bruscas naquele período, o que de fato veio a ocorrer. Muitas empresas que não desfizeram desses contratos, tiveram dificuldades. Esse tipo de aconselhamento, de consultoria, ele tem um valor definido em contrato. Agora, eu não recebi todos os valores ao longo do tempo, existiam alguns valores a serem pagos no final do contrato. Como eu encerrei todos os contratos em dezembro de 2010, é natural que tenha um valor a maior aí.

O senhor chegou a dizer numa reunião que ganhou dinheiro trabalhando com fusões e incorporações, em reuniões com senadores do PT. Inclusive o senador [Eduardo] Suplicy revelou que o senhor informou ter ganho R$ 1 milhão numa incorporação. O senhor sabe que incorporações exigem aval de órgãos do governo, como o Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica], o Banco Central, e que, pela lei, o funcionário público não pode atuar junto a órgãos públicos em defesa de empresas privadas. Eu queria saber como é que o senhor explica essa atuação do senhor nessas incorporações?

Perfeitamente, sua colocação está correta. Ou seja, uma pessoa que atuava num ambiente público, como eu atuava como deputado, não poderia atuar em nome de empresas privadas junto a órgãos públicos. Por isso eu tenho esclarecido, e reafirmo aqui pela oportunidade, que a minha empresa jamais atuou junto a órgãos públicos, ou diretamente prestando consultoria para órgãos públicos ou representando empresas privadas nos órgãos públicos.

Mas essas empresas para as quais o senhor trabalhou, elas tinham interesses no setor público? Estavam fazendo negócios com o setor público?

Não, eu nunca participei. Quando uma empresa privada tinha negócio com o setor público, eu nunca dei consultoria num caso como esse. Até, durante a semana, jornalistas me perguntaram sobre isso, eu pude esclarecer casos concretos que me foram apresentados, mas em nenhum momento eu participava de um empreendimento, vamos dizer, que envolvesse um órgão público e um órgão privado. Um fundo de pensão de empresa pública com uma empresa privada, nunca participei disso. O que eu fazia era uma consultoria para empresas privadas. Se a empresa tinha uma necessidade junto a um órgão público, ela tinha lá seu departamento ou a sua prestação de serviços para isso. Eu não fazia isso porque isso a lei não me permitia, e eu tinha perfeita clareza do que a lei permitia ou não permitia. Esse projeto que eu te descrevi, de aconselhamento pra contratos em dólar, por exemplo, esse é um aconselhamento ou uma consultoria que eu posso dar. Isso a legislação não me impedia de dar esse tipo de consultoria.

Agora, essa incorporação específica o senhor confirma que fez?

Não, veja. O que ocorreu ali, até o senador depois me enviou um e-mail, que ele me deu cópia, que ele não tinha dito aquilo, que ele enviou aos meios de comunicação.

Apenas pra concluir esse caso dessa empresa que o senhor citou, que conseguiu a devolução do imposto de renda na Receita Federal. O senhor, ex-ministro da Fazenda, sabe que a Receita Federal normalmente recorre dessas decisões da Justiça. O senhor acha normal a Receita não ter recorrido?

Veja, eu indo mais especificamente nesse caso. A Receita não aceitou o pleito da empresa, a receita pagou em parte o pleito da empresa. E a empresa é que recorreu à Justiça. Então o caso está subjudice, hoje ele está subjudice por reclamação da empresa. Então é difícil você falar em privilégio, em pagamento em tempo recorde, numa situação em que há um conflito judicial com a Receita Federal. E mais, as pessoas inferirem que tudo isso tenha acontecido por meu intermédio, é uma suposição inadequada.

O senhor nunca fez nenhuma gestão nesse sentido?

Nunca fiz nenhuma gestão em relação à Receita Federal porque é um órgão público. Por isso essa é questão que me faz me sentir sem o direito de apresentar nomes de empresas nessa discussão. Eu me disponho a fazer o diálogo que for necessário, a discussão que for necessária sobre essas questões, mas não acho justo expor empresas num ambiente político conturbado, num ambiente de conflito. Se empresas forem feridas com isso, a perda em relação a sua imagem, etc, ninguém pode repor. Então eu prefiro assumir pessoalmente a explicação dessas coisas do que expor uma série de pessoas e empresas.

O senhor poderia, pelo menos, dizer em que setor que essas empresas atuam, que tipo de negócios foram feitos?

Eu atuei em setores de indústrias, trabalhei na consultoria para vários segmentos de indústria, trabalhei no setor de serviços financeiros, no setor de mercado de capitais, bancos e empresas, fundos de mercado de capitais. Fundos trabalham principalmente com investimentos em outras empresas privadas, e trabalhei em empresas de serviços em geral. Então veja, é um conjunto de empresas que pouco tem a ver, por exemplo, com obras públicas, com investimentos públicos. São empresas que vivem da iniciativa privada e que consideraram útil o fato de eu ter sido ministro da Fazenda, de ter acumulado uma experiência na área econômica, de conhecer a área econômica. Depois que eu deixei o ministério fiquei quatro meses respeitando a quarentena e só depois disso passei a prestar serviço de consultoria. Muitas empresas acharam, consideram esses serviços úteis, por isso fizeram esses contratos. Agora, são contratos de caráter estritamente privado, eu lhe afirmo, sem nenhum constrangimento, que eu não atuei em órgãos públicos.

Quantas empresas o senhor chegou a atender ao mesmo tempo?

Olha, eu te diria que em torno de 20 a 25 empresas porque na verdade eu começo, iniciava contratos, alguns contratos vinham encerrando e iniciando outros. Eu tive, num momento de maior número de empresas, em torno de 20 a 25 empresas.

Como o senhor, uma pessoa extremamente atarefada, o senhor era deputado federal, em 2010 o senhor já estava ajudando a coordenar a campanha da presidente Dilma Rousseff. Como o senhor encontrou tempo com tantas empresas para dar consultoria?

Eu não era diretor das empresas. Me foi oferecida várias vezes de participar de diretoria de empresas, o que não é proibido pela lei, a lei permite que você seja deputado e diretor de empresa. Me foi oferecido também participar de conselhos de empresas. Eu não aceitei essas proposições porque isso talvez não permitisse que eu desempenhasse minhas funções de deputado. Agora, o trabalho de consultoria, é um trabalho de aconselhamento. Nesse exemplo, sobre os contratos cambiais das empresas, é um trabalho que vocês faz não com muito tempo, mas com muita precisão. O valor que isso tem para empresas não é um consultor passar 30 horas trabalhando para ela, mas dar uma boa sugestão, uma boa orientação, no sentido de que ela não cometa um erro, em termos de uma contratação de um financiamento que pode fazer, e que pode lhe dar uma perda extraordinária. Como nesse caso ocorreu. Então o valor desses contratos diz respeito ao valor dessas consultorias não ao tempo de trabalho.

Não seria muito trabalho? Porque isso é uma dedicação muito grande fazer análise de mercado. O senhor já desempenhou trabalhos importantes, pegou relatorias importantes, já estava na campanha em 2010.

Eu sou uma pessoa que trabalho bastante, como você viu no Congresso Nacional. Eu relatei várias questões importantes. Questões inclusive que contrariavam muitas empresas, muitas das quais eu trabalhava como consultor. Fui relator da CPMF, da renovação da CPMF. E o setor industrial, financeiro, se colocou contra a renovação desse imposto. E nós aprovamos na Câmara a renovação. E eu fui relator. Mostrando que eu separei claramente a minha atuação como agente político, como agente público, da minha atuação como consultor de empresas que estavam num contrato privado. Eu não misturei interesses dessas empresas privadas na minha atuação como agente público.

Muitas empresas tradicionais do ramo, com larga experiência, com dezenas de profissionais, não tiveram faturamento tão alto quanto o senhor teve em 2010. Faturamento muito alto. Não é difícil aceitar a tese que o senhor teve faturamento tão alto quando outras empresas com estrutura muito maior, mais experiência e profissionais competentes não teve esse faturamento?

Eu respeito essa questão. Há muitas empresas com profissionais muito competentes. Mas não sei se elas não têm bom faturamento, acredito que elas tenham também resultados muito importantes. A diferença da minha empresa para as demais em relação a esse ano de 2010 é que eu encerrei contratos e todo o trabalho realizado foi quitado neste momento. Isso é uma característica desse ano que lhe dá impressão, que faz você colocar essa pergunta, mas em geral a arrecadação da empresa era compatível com boas consultorias de mercado.

Mas nos anos anteriores o faturamento do senhor também era...

Não eram nesses valores, era menor.

Era metade desse valor, 30%, 20% desse valor?

Algo nesse sentido.

20%? 30%?

Se você me permitir, eu respeito todas as suas perguntas. Respeite o direito de eu não falar em valores.

Nós temos que considerar que as pessoas que esperam esclarecimentos, elas querem detalhes dos contratos, das negociações, dos números. Até que elas possam fazer uma análise. Porque não se pode esperar que como homem público, como homem de negócios até poderia, mas como homem público sabe que homem não precisa apenas ser honesto, precisa parecer honesto. O senhor acha que sem dar detalhes o senhor vai conseguir convencer as pessoas, a opinião pública?

Meu papel é cumprir as leis rigorosamente. Eu não tenho opção de não cumprir rigorosamente a lei porque nenhum cidadão tem. Eu não estou acima da lei. Por isso quando fiz minha empresa tomei todas as providências no sentido de ter uma licença legal, de ela emitir notas fiscais, se registrar na Receita Federal, no serviço tributário da prefeitura onde ela existe. Eu tomei todas as providências. Os bens da empresa são registrados em cartório em nome da empresa. Tudo está literalmente registrado e adequado. Quando eu vim ao governo, eu entreguei à Comissão de Ética da Presidência da República todas as informações das medidas que tomei. Quais foram? Encerrei as atividades de consultoria, nenhuma atividade de consultoria é feita hoje pela empresa, nesses últimos seis meses. Portanto hoje eu não atuo. Estamos conversando sobre a empresa, sobre a atuação no passado dela. Hoje eu não atuo na empresa e cumpri aquilo que a lei dizia que eu devia cumprir como ministro. A Comissão de Ética recebeu todas as informações e disse que não havia nada de errado. A Procuradoria Geral pediu informações e mandei todas as informações que pediram. Então vamos ver a avaliação desse organismo. Quando a Receita Federal diz que não há pendência da minha empresa na Receita Federal, tenho certeza que você considera isso uma informação relevante, assim como seu telespectador. Quando o Coaf, que é o órgão que controla a movimentação financeira, diz que não há qualquer investigação sobre minha empresa, tenho certeza que você considera isso também uma informação relevante.

Se não der todas as informações, não fica parecendo que alguns clientes foram atrás do senhor não atrás da expertise, mas atrás de favores futuros?

Eu não acredito que nenhuma pessoa tenha essa inclinação. Eu posso te afirmar, reafirmar, categoricamente, que toda a arrecadação da empresa seu deu através de contratos. E não estou dizendo que essa informação que estou lhe dando ficará secreta. Ela será fornecida aos órgãos de controle. Isso que é uma questão fundamental que eu quero que você compreenda. Nenhuma informação da minha empresa é secreta. Não estou dizendo que não darei informações aos órgãos de controle. Estou dizendo o contrário. Todas as informações tributárias já estão nos órgãos de controle. E todas as demais informações serão prestadas à Procuradoria Geral da República. Portanto, toda a vida da minha empresa estará disponível para os órgãos de controle. Está é a minha obrigação. Não estou fazendo mais que a minha obrigação.

O senhor informou que mandou todas as informações para comissão de ética da Presidência. Do ponto de vista ético, o senhor acha que manter clientes, fazer consultorias com empresas privadas, o senhor sendo uma pessoa com tanta influência no setor público, o senhor não acha que isso fere um pouco a ética?

A ética é regulada na União por normas e leis. Em relação ao ministro da Fazenda. O que diz o Código de Ética e a lei? Que não pode trabalhar na iniciativa privada até quatro meses depois de deixar o governo. Se você observar minha empresa passa a existir exatamente depois desses quatro meses. A ética não é um conceito abstrato. É uma questão fundamental. A ética é um conceito regulado por normas e leis. E a lei diz quatro meses depois um ministro da Fazenda não pode atuar. E comecei minha empresa exatamente quatro meses depois que deixei o Ministério da Fazenda. Portanto, do ponto de vista legal, e do ponto de vista ético, essa questão está absolutamente coberta. Depois a lei dizia: ‘um deputado pode atuar na iniciativa privada, um ministro não pode’. E, por isso, quando deixei de ser deputado em dezembro de 2010 e passei a ser ministro, interrompi as ações da minha empresa. Ou seja, todos os critérios legais e éticos estão absolutamente contemplados.

Nesse período que o senhor tinha acesso a informações privilegiadas, nesses meses de novembro e dezembro, o senhor não acha que com informações privilegiadas as quais o senhor tinha acesso, não deveria ter encerrado antes as atividades da empresa?

Naquele período eu estava encerrando os contratos. Não fiz nada novo naquele período. Nesse período que encerrou a eleição e fui convidado a participar do governo da presidenta Dilma, eu me ocupei de encerrar a empresa. E aqui na transição eu fiz um trabalho político, não fiz um trabalho econômico. Já não era nesse período, como não sou nesse governo atual, atuante da área econômica. A transição não foi feito um trabalho específico de informações especiais. Era um trabalho político.

O sr. acha que isso não gerou nenhum constrangimento?

De forma alguma. Nem constrangimento nem conflitos. Porque minha atuação desde a campanha eleitoral foi uma atuação essencialmente política.

Como convencer a pessoa, o cidadão comum que está assistindo a gente, que sabe que o senhor é uma pessoa importante, sabe que o senhor tinha acesso a informações privilegiadas e que o senhor teve negócios com empresas privadas. Como convencer a ele que não ficou uma relação que pode, de certa forma, gerar benefícios pra essas empresas no futuro?

Quando você desempenha uma atividade privada, você tem contas a responder e tem a transparência exigida não só para quem é agente público, como para empresas que são abertas no mercado de capital, etc., elas têm que difundir informações e informar os órgãos de controle. Você pode me colocar ‘Não, e se um cidadão tiver dúvidas se você pagou os impostos?’. Esse cidadão pode acessar isso na Receita federal e ver que lá existe uma certidão negativa de débito. Ou seja, uma certidão de regularidade com a Receita Federal. Não é preciso a pessoa saber o contrato da empresa A ou da empresa B ou da empresa C. A não ser que alguém, um agente público ou uma pessoa qualquer, queira colocar em dúvida uma determinada coisa. Essa coisa pode ser avaliada. Os procuradores estão presentes nessa situação justamente para isso. Se houver uma dúvida, você avalia essa dúvida. Agora, como eu vou explicar para uma pessoa que eu paguei impostos? Através da certidão da Receita Federal, não pode ser de outra maneira.

Deixa eu colocar uma dúvida que ficou sobre um relatório do Coaf, que revelou que a empresa do senhor, a Projeto, teria feito movimentações atípicas, porque a Polícia Federal estava investigando uma outra empresa e essa movimentação atípica dessa empresa, da Projeto, envolveu essa empresa. Como foi isso?

Não. Na verdade, houve uma informação nos jornais, num determinado periódico dizendo que o Coaf havia dito que a minha empresa tinha movimentação atípica. Primeiro, vamos entender o que é movimentação atípica. Significa que aquilo, se você paga sempre uma determinada prestação de um compromisso, se um mês você compra um imóvel, essa movimentação é atípica até que você demonstre que foi a compra de um imóvel. Então, não é necessariamente uma ilegalidade. Mas nem isso, nem a movimentação atípica houve em relação à minha empresa. O Coaf veio a público nesse dia e emitiu uma nota.

Não teria sido a compra do imóvel da empresa de R$ 6,6 milhões?

Não, não.

R$ 3 milhões e R$ 3,6 milhões depois?

Isso seria até natural, mas não foi isso que aconteceu. Nesse caso, o Coaf veio a público.

Mas esse imóvel que o senhor comprou, o senhor comprou dessa empresa?

Não. Eu não sei quem é essa empresa. Essa segunda empresa eu desconheço. Não me foi informado. Mas nesse dia foi dito no jornal que a minha empresa, Projeto, tinha feito uma movimentação atípica, diz o Coaf. O Coaf veio e disse ‘não, não há movimentação atípica registrada no Coaf’ pela empresa. Essa informação não foi dada à Policia Federal. O Coaf escreveu e assinou isso, portanto, negou a afirmação, mas no dia seguinte saiu em outro jornal e continuam falando sobre isso.

O senhor desconhece qualquer tipo de investigação?

Eu entendo quando as pessoas têm dúvida. Agora, quando o órgão diz ‘não há, a informação não é correta’ e a Policia Federal no mesmo dia disse ‘não há investigação sobre a empresa Projeto’.

O senhor não sabe nem do que se trata?

Não sei nem que empresa é essa, nem sei.

A oposição tem sido muito crítica com o senhor porque o senhor não se dispôs a ir prestar informações no Congresso Nacional. O senhor, que é uma pessoa que veio de lá. Por que é que o senhor se recusa a ir ao Congresso Nacional?

Não me recuso a ir ao Congresso Nacional, até porque estive no Congresso Nacional durante quatro anos, até dezembro. Tenho uma boa relação com os membros do Congresso Nacional e tenho essencialmente muito respeito pelo Legislativo, Congresso Nacional, a Câmara e o Senado. Ocorre é que, diante da situação colocada, alguns partidos se apressaram em fazer denúncias em relação a esse episódio ao Procurador Geral da República. Três partidos de oposição fizeram isso e estão dentro da sua legitimidade. A minha prioridade a partir daí é responder as requisições da procuradoria. Eu não vou transformar esse debate num, num palco político, num enfrentamento político, não quero fazer nenhum tipo de enfrentamento. Quero dar explicações claras, como você me permite fazer aqui. Quero, sim, fornecer todos os dados ao procurador. Mas não me interessa fazer um embate político.

Mas ministro, não seria interessante o senhor ir ao Congresso para esclarecer algumas questões que circulam nos bastidores, por exemplo, circulam rumores vindo até de colegas de governo, do partido, de que haveria doações de campanha misturadas com o faturamento da empresa do senhor, a Projeto, em função de 2010. O senhor está participando de uma campanha. Não seria melhor o senhor ir lá e esclarecer isso. Por exemplo, agora o senhor tem a oportunidade.

Até poderia ir, mas te agradeço a oportunidade de fazer aqui. Essa seria uma irregularidade bastante grave, por isso, eu jamais procederia uma coisa dessa natureza, ou seja, qual a sua pergunta: ‘haveria mistura de recursos de campanha com recursos da empresa e das suas atividades?’ Te digo: não existe nenhum centavo que se refira a política ou campanha eleitoral, nenhum centavo.

O senhor não participou desse processo de arrecadação de dinheiro?

Não, não participei. A minha atividade na campanha foi uma atividade política. E jamais, veja, insisto, agradeço a pergunta, me permite esclarecer uma coisa importante. Se você ouviu isso é porque alguém pode pensar assim e respeito uma pessoa possa pensar, por eu ser um agente público e por eu ter uma empresa, que eu possa misturar uma coisa com a outra. Lhe afirmo categoricamente, nunca misturei atividade da empresa Projeto com atividades políticas eleitorais.

Ministro, colegas de partido têm pedido ao senhor explicações públicas. O senhor sabe disso, inclusive ontem a Executiva nacional do PT se reuniu e não soltou a esperada nota mais contundente de apoio ao senhor. A que o senhor credita essa falta de apoio de alguns setores do partido?

Eu respeito muito as demais pessoas do meu partido e dos demais partidos da base e mesmo os da oposição. Nesse momento de embate político e no cenário, no embate político é normal que as pessoas se manifestem, umas mais intensamente, outras menos, algumas pessoas tenham dúvidas. Eu tenho recebido apoio muito significativo de todas as lideranças do PT, mas respeito aqueles que pedem para que eu de uma explicação, respeito, se eles pedem explicação é porque alguma dúvida existe. Eu estive recentemente numa reunião com toda a bancada de senadores do PT, eles me pediram, como você está pedindo agora, ‘explique isso’, expliquei a atividade da empresa, como que você fazia para conviver a atividade da empresa com a sua atividade parlamentar? Eu fiquei um tempo grande com eles dando explicações em relação a essa questão. Então não me ofende o fato de existir pessoal do meu partido ou mesmo da oposição que me cobre explicações. Como eu disse ‘o homem público está sempre que estar sujeito a dar explicações’. Nós não estamos acima da lei. Nós temos que respeitar a lei. Eu vou dar explicações naturalmente. Como você me permite fazer hoje em alguns casos colocados.

Agora, por enquanto, está descartada a ida do senhor ao Congresso?

Veja, essa é uma decisão do Congresso Nacional, não é uma decisão minha. Eu não tenho dificuldade de dialogar com os partidos, dialogar com as lideranças, mas nessa primeira fase eu acho que o mais importante era eu prestar informações aos órgãos de controle.

O senhor tem feito apelos aos colegas de partido, aos colegas da base para que não seja esse o momento agora, para que eles não aprovem agora?

Não, eu não tenho atuado nisso. Isso é uma questão que a própria atuação parlamentar. E os líderes do Congresso e do governo definem a sua atuação. Mas eu digo a minha opinião pra você, que na verdade, diante de situações como essa, o Brasil tem instituições, as instituições brasileiras funcionam. Então, se há um momento em que atua a Câmara, a Câmara deve funcionar atuando, se há um momento em que atua a Procuradoria da República, ela deve receber todas as informações. Então cada momento, se você faz o encaminhamento das questões da maneira adequada. Nesse período, nesse último período, eu me dediquei a prestar informações aos órgãos de controle e vou fazer todas as informações que me foram solicitadas. Júlio, minha empresa não tem nada a esconder. Eu não tenho nada a esconder. Tudo o que eu fiz foi dentro da legalidade, do maior rigor ético. Então, eu vou informar tudo aquilo que me for solicitado pelos órgãos competentes.

Agora, ministro, do ponto de vista político, esse desgaste gerado no Congresso o senhor sabe que é grande. O senhor está num cargo extremamente importante, talvez o segundo cargo mais importante do país. O senhor hoje se considera plenamente capaz de continuar conduzindo as suas tarefas no governo, diante dessa crise?

Veja, não há uma crise no governo, há uma questão em relação a minha pessoa. Eu prefiro encarar assim e assumir plenamente a responsabilidade que eu tenho nesse momento de prestar as informações aos órgãos competentes e dar as minhas explicações. Isso é uma coisa que cabe a mim. Não há crise no país, não há crise no governo.

O senhor acha que isso não tem interferido no dia-a-dia do governo?

Não, de forma alguma, o governo toca sua vida, trabalha intensamente. Há, sim, eu não vou negar, que é uma questão dirigida a minha pessoa. Com forte intensidade, com forte conteúdo político.

Como o senhor avalia, por exemplo, o caso do deputado Garotinho que chegou a referir-se ao senhor como um diamante de R$ 20 milhões, sugerindo uma chantagem pra aprovação de propostas de interesse dele no Congresso Nacional. O senhor acha que isso não afeta o governo?

Eu li uma coisa parecida com essa no jornal. Não acredito que o deputado tenha dito isso, porque não é um procedimento.

... mas disse, ministro

... nem muito perto do adequado

... mas disse, ministro

...eu tenho dito aos meus colegas do Congresso ‘aquilo que me couber explicar, eu devo explicações e vou fazê-lo’. Jamais eu posso, dentro do governo, trocar um assunto por outro ou misturar um assunto por outro. O governo está tocando sua vida, as coisas estão acontecendo normalmente. Eu enfrento uma questão agora, uma polêmica agora, vou fazê-lo pessoalmente, vou trazer isso pra minha responsabilidade, informando os órgãos de controle e dialogando francamente sobre essas questões.É a maneira que eu posso atura pra dirimir dúvidas. Não, não, não deixo de respeitar as pessoas que têm dúvidas, Júlio, acho que é natural que as pessoas tenham, respeito isso e digo: tanto você, um repórter, quanto um líder da situação, quanto um líder da oposição, as pessoas têm o direito de colocar os homens públicos e pedir a eles explicações sobre qualquer fato. São duas coisas apenas que eu peço: não me peçam pra expor terceiros. Não me peçam pra expor pessoas que nada têm a ver com a discussão. E não me peçam pra revelar questões que são reservadas. Agora, nada é secreto. Tudo que eu fiz e todas as atividades que eu fiz estarão disponíveis para todos os órgãos de controle.

Mas, ministro, o senhor acha que o senhor, uma pessoa importante, que negocia diretamente com o Congresso, o senhor não se sente enfraquecido nessa relação com o Congresso?

Confesso para você que se esse processo me fortalecer ou me enfraquecer, no plano pessoal, não é uma questão que me preocupa. Me preocupa, sim, dar explicações adequadas e ter uma avaliação justa sobre isso que se está se falando.

Mas do ponto de vista político, o senhor se sente ainda confortável e com poder pra negociar abertamente?

Não, não tem problema em dia. Eu não sou responsável pela negociação política do governo. Quem é responsável é o ministro Luiz Sérgio.

Mas, o senhor no Congresso...

Eu colaboro com ele nessa, nessa atuação.

Não, porque no congresso fala-se muito, muitos, muitos senadores e deputados negociaram com o senhor e até apresentaram o senhor sempre como um negociador muito hábil. É por isso que eu faço a pergunta. O senhor tem ainda uma importância muito grande nessa negociação.

Não, mas não me sinto de nenhuma forma constrangido de realizar todas as discussões com o Congresso Nacional, através do ministro Luiz Sérgio, que é quem é responsável por essa área. Eu sempre o ajudo nessa atribuição e não vejo nenhum constrangimento. Tenho discutido com os deputados e senadores as questões com muita naturalidade. Não nego a você que há um momento de conflito. Não nego a você. Agora, esse conflito se dirige a uma questão relativa a minha pessoa, não diz respeito aos projetos do governo, não diz respeito aos programas. Como o importante programa ‘Brasil sem Miséria’, que a presidenta lançou ontem, tem um grande impacto social no Brasil. Tudo está em andamento.

A questão desse programa, o principal programa, inclusive foi colocado pela presidente durante a campanha com muito destaque. Se a gente olha os jornais hoje, houve mais espaço para o fato de o senhor vir a público dar explicações do que para o programa em si. O senhor acha que isso não afeta o andamento do governo?
Não, não afeta o andamento do governo, não. Eu não sou responsável pelo espaço que cada órgão de imprensa dá a cada questão. Quer dizer, a sua instituição, que é extremamente importante, fez ontem uma matéria muito correta, muito importante sobre essa questão, porque o combate à fome no Brasil, a eliminação da miséria no Brasil, é um objetivo de todo o país. É muito importante para todos nós, o programa da presidente, que foi a sua questão mais importante durante toda a campanha eleitoral, foi que ela preparou durante cinco meses, apresentou ontem, mas preparou durante cinco meses. É um programa de grande importância, de grande profundidade social para o país.

Ministro, o senhor chegou a colocar o cargo à disposição da presidente Dilma?

Olha, o meu cargo, a presidente Dilma tem o meu e o de todos, o meu cargo e de todos os ministros. Ela, nós não chegamos a conversar sobre esse assunto, mas não há esse que me prende ao governo. Estou aqui pra colaborar com a presidente, faço minha atuação no governo. Tudo que eu fiz na iniciativa privada eu prestei contas relativas a isso e estou muito tranquilo e muito seguro em relação aos procedimentos que tive.

Se o procurador-geral da República decidir abrir investigação contra o senhor. O que é que o senhor pensa em fazer?

Se você me perguntar isso depois de acontecer eu lhe dou uma resposta em primeira mão. Mas eu, eu não posso, Júlio, se você me permite, eu não posso responder em hipótese. Há hipótese de vários andamentos, de abertura e de não abertura. Qualquer que seja a decisão vou respeitá-lo e oferecer todos os documentos que forem necessários. Isso acontece na vida política, questionamentos dessa ordem. Nós temos que ter tranquilidade de estar certos do que fizemos e de oferecer as explicações adequadas. Não há coisa, Júlio, mais difícil do que você provar o que não fez porque não há materialidade no que não fez. Eu digo a você: não fiz tráfico de influência, não fiz atuação junto a empresas públicas representando empresas privadas. Aí, como eu te provo isso?

Essa é uma boa pergunta. Como o senhor prova isso?

Você tem que, tem que existir boa fé nas pessoas. Por isso que a lei diz que quando há uma acusação, que é legítima haver, ela deve vir acompanhada de indícios ou de provas ou no mínimo de indícios. Por isso que nós precisamos acreditar na boa fé das pessoas. Eu te digo: não há problema estar em questão as minhas atividades nesse momento. Mas eu quero que as pessoas tenham boa fé, que escutem as explicações, que vejam as documentações enviadas aos órgãos públicos e que eu seja avaliado com Justiça, os meus direitos e os meus deveres.

O senhor acha que não é legítimo as pessoas desconfiarem que o senhor, pelo fato de estar no setor público, prestou consultorias a empresas privadas, que isso poderia se misturar?

Acho totalmente legítimo. Nenhuma pergunta que você fez, apesar de ser duras perguntas, me ofendem, Júlio, acho absolutamente correto você como bom repórter colocar questões muito, muito, diretas em relação a todos os pontos que você tocou. E acho que você pode estar representando, sim, o pensamento de muitas pessoas que podem estar com essas dúvidas. Eu faço absoluta questão de te dar essa ou várias outras entrevistas, se você me der esse privilégio, não é, para poder esclarecer essas coisas. Se daqui cinco dias se tiver uma coisa nova ou alguém lhe colocar uma questão concreta, eu tenho o maior interesse em esclarecer isso pra você.

O senhor se arrependeu de ter tido uma atuação como empresário, que gerou toda essa desconfiança?

Sinceramente, não, porque fiz isso dentro da lei, dentro maior lisura. Foi uma experiência que eu tive, nesse período que eu fui deputado. Eu tinha condições de tempo para poder fazer também atuação. Você sabe que não é incomum, né, no Parlamento, é que parlamentares tenham atividades privadas, de vários tipos, todas legítimas, dentro da lei. então, foi uma experiência que eu fiz. Você sabe que eu sou médico de formação, não é.

Médico sanitarista, claro.
Sanitarista, tive atuação na área econômica, fui parlamentar várias vezes e acumulei uma experiência. E existem empresas que valorizam essa experiência que eu tive, um aconselhamento eventual que eu possa dar, uma consultoria que eu possa dar. Lhe afirmo que, muitas vezes, proposições que fiz, a minha consultoria, tiveram valor para as empresas, quer dizer, foram importantes para as decisões das empresas. Aí, num trabalho como esse você ensina e aprende ao mesmo tempo, então não me arrependo, pela única razão de ter feito isso dentro da lei.

Por que o senhor demorou tanto a prestar esses esclarecimentos públicos se o senhor parece tão seguro que não cometeu nenhuma irregularidade, não vê nenhum problema ético em todos esses negócios. Por que o senhor demorou três semanas para vir a público para esclarecer isso?

Por uma razão objetiva. Eu, quando o assunto surgiu e três partidos de oposição fizeram uma denúncia ao procurador-geral, o procurador-geral me mandou uma série de solicitações de informações. Eu penso que seria indelicado, incorreto, inadequado pelo menos que eu prestasse todas as explicações públicas antes de dar ao procurador-geral da República as explicações. Como terminei de fazer isso ontem, antes de ontem na verdade, então a partir de hoje eu posso me manifestar. Algumas pessoas me pediram cópia dos documentos. Não acho correto que eu dê cópia de um documento que eu dei para uma autoridade, mas eu posso dialogar, posso dialogar e vou dialogar a partir desse final de semana com os órgãos de imprensa com naturalidade, sempre, sempre entendendo como eu lhe disse: homem público está sujeito a dar explicações. Isso é muito comum e vai acontecer muitas vezes com muitas pessoas. Agora, dentro daquilo que seja razoável, eu também tenho o direito de pedir que as avaliações sejam justas, que as pessoas não se apressem a fazer acusações sem ter o mínimo de indício para fazer uma determinada acusação, mas isso é só um pedido. As pessoas têm o direito de agir como achar.

Agora uma curiosidade: por que o senhor comprou um apartamento residencial em nome da empresa e não em nome do senhor?

Aquilo foi um investimento da empresa. Eu teria, veja como funciona isso: eu poderia legalmente. Legalmente passar os recursos, que são dividendos da empresa, para a minha conta pessoal, poderia fazer isso e comprar o apartamento em meu nome. É uma opção. Ou ele poderia ser comprado pela empresa como um bem da empresa, como ele é hoje, as duas operações são legais, não há nenhuma, não tem nenhum quesito ético ou legal que diferencie uma operação da outra. São duas opções. Eu fiz uma opção de fazer o investimento da empresa, porque um dia eu posso não querer usar esse apartamento e ele se transformar num investimento da empresa. Hoje, eu não uso, amanhã posso usar, pode ser que mais para frente eu venda esse apartamento. Então ele é, na verdade, um investimento da empresa.

Mas o senhor é um homem rico?

Eu não me considero rico. Eu considero que fui adequadamente remunerado por serviços que eu prestei. Serviços que eu me dediquei durante cinco anos.

O senhor então vai aguardar o pronunciamento do procurador-geral da República para decidir o que fazer?

Eu estou trabalhando. Você me diz o que eu farei, você me pergunta: ‘o que farei depois da decisão do procurador?’ Eu lhe convido para vir aqui me perguntar depois da decisão.

Aceito o convite.

Eu não posso, eu não posso falar em tese, mas eu prometo lhe atender da mesma forma que eu lhe atendi hoje e digo que foi um prazer falar com vocês, apesar das suas duras perguntas, mas acho que elas permitem um diálogo franco, aberto e transparente sobre questões que são de interesse público. Muito obrigado.

Ministro, muito obrigado pela entrevista, pelos esclarecimentos.