1 de setembro de 2011

Diversão e raça sobre rodas: Emoção e aventura, disputa nas trilhas e passeios ecológicos

Manhã chuvosa de sábado. A repórter aqui segue rumo ao município de Conde, litoral norte da Bahia (seu acesso encontra-se 103 km após o começo da Linha Verde em Praia do Forte) a bordo de um jipe vermelho, com tração 4x4. O clima é de expectativa, porque a chuva promete lama no percurso de quatro horas de rally. O jipe está equipado com pneus radiais (pneu que não tem câmera de ar), desaconselháveis para terreno escorregadio. O câmbio também causa receio. Mas o jeito é encarar a prova e ver se o Jipe sai dela inteiro.

Vidros fechados, ar condicionado ligado e pé na estrada rumo ao balneário de Mangue Seco. O trajeto é pesado, mas o traçado da trilha é bem elaborado para os rallizeiros. A cada curva, subida ou descida uma surpresa. E o Jipe ali, agüentando firme. A bordo, um dublê de piloto e outro de navegador, nos bancos da frente, e dois advogados atrás. No caminho, mais um advogado pede carona. Agora o carro está cheio e os solavancos ficam cada vez mais fortes.

A cada dificuldade no trajeto, basta reduzir a marcha e o jipinho mostra raça sem ameaçar atolar, por mais espesso que seja o lamaçal. A primeira derrapada só acontece no final da manhã. O Jipinho foge do retão e cai numa vala junto ao canavial. Um vitara presta socorro. Mas, nada de grave. Ou melhor, pura diversão. O outro escorregão foi numa curva com 45 graus de descida. O carro escorrega de lado e para junto a um barranco. Aí basta engatar a ré e o vitara já está de novo aprumado e no rumo certo. A chuva diminui e a volta ao hotel é mais tranqüila.

Para quem participou da segunda etapa do Jeep Cross de Conde, a briga foi contra o relógio. Como a prova disputada dia 12 de julho se tratou de um rally de regularidade e o levantamento feito pela organização se deu estradas enxutas, foi complicado para as equipes se ajustarem aos cronômetros. Assim, quem achou que o trabalho ficou com os pilotos acabou se enganando. Os navegadores tiveram de dar duro para recuperar terreno e perder o menor número de pontos possível. No grid de largada, dos 103 jipes, 26 eram da categoria Graduados e 77 da categoria Turismo.

Ai valeu a experiência da dupla campeã do ano passado, na categoria Graduados. O piloto baiano Davidson Well (Professor Talaco) conseguiu controlar sua Land Rover no lamaçal e obedeceu aos comandos do navegador Augusto Carneiro (Rato), no momento de acelerar ou reduzir marchas. Na classe Turismo, a dupla baiana Roberta Almeida (Penélope Charmosa) e Andréa Vieira (Mortadela), também fizeram o maior sucesso.
Davidson ganhou a prova do ano passado também debaixo de muita chuva, mas se mostrou surpreso com tanta lama, desta vez. “Quando corremos no Sul, encontramos muito mais poeira do que aqui, e ainda dizem que no Nordeste não chove. Mas eu prefiro pilotar em terreno molhado porque favorece a qualidade de nossa equipe”, comentou o baiano.
As garotas também gostaram da chuva. O mais incrível é que Roberta e Andréa estão correndo juntas pela segunda temporada e só decidiram participar deste rally um dia antes da largada. “Roberta me ligou e eu topei na hora, mesmo sabendo que o tempo chuvoso ia dificultar nosso trabalho. Mas, ela conseguiu controlar bem o carro e deu para vencer”, disse Andréa.

Na categoria Graduados as duplas Anselmo Junior (Pára-choque)/ Washignton Araújo (PC) e Marcos Martinez (Marta Rocha)/ Ede Assemany Junior (Pininga), ambos daqui da Bahia, chegaram logo atrás da dupla vencedora. Na categoria turismo, a dupla vencedora foi seguida por Luiz Galvão (Terra.com)/ Danielson Lima (To no regue) e João Eduardo (João Maluco)/ Alexandre Almeida (Kruel). Agora, os rallizeiros vão disputar as etapas de Maceió, Natal e Fortaleza.

Os integrantes do grupo participam de competições em percursos radicais (terrenos acidentados, com pedras e erosões), e também na areia e serra (ecológicos). Há ainda o Roteiro Determinado de Itinerário Desconhecido (Raid), passeios que duram de 6 a 7 horas. Os jipeiros participam também do Endurance, prova com obstáculos em que são avaliadas as habilidades de direção, e a Indoor, atividade semelhante, realizada em circuito fechado.

“Quando as competições são em dias de chuva, nossa alegria é garantida, pois ultrapassar os obstáculos do percurso fica mais emocionante”, garante Luiz Galvão (Terra.com). Porém é importante fazer uma manutenção prévia do veículo, principalmente a cada trilha radical, pois algumas pecas podem ser danificadas. Isto fica em torno de R$ 100 por mês.

História

Em 11 de setembro de 2001, foi fundado o Free Road 4x4. A trajetória é simples, divertida e a cada dia, mais interessante.

Tudo começou, quando um grupo de amigos amantes do esporte fora de estrada (off road), reunia-se para promover passeios e trilhas em Salvador e Lauro de Freitas. O grupo foi crescendo e, os mais atuantes, sentiram a necessidade de se organizar, visando sempre à qualidade e a segurança dos participantes.

O Eco Free Road em Rio de Contas na Chapada Diamantina, foi sem dúvidas o marco principal deste grupo que surgiu para aqueles que apreciam o esporte aventura e a natureza. O clube tem hoje uma parceria firmada com a Secretaria do Meio Ambiente do Estado, participando do descobrimento de novos caminhos turísticos, bem como de denuncias contra o desmatamento, as pescas predatórias, queimadas e caca a animais selvagens. Participam de programas sociais como: campanhas para a arrecadação de alimentos, brinquedos e roupas, que sempre são distribuídos no Dia das Crianças e no Natal, em comunidades carentes do interior do estado. Além de participar do programa de vacinação infantil, já tendo atingido 98% de abrangência em áreas antes não visitadas pelas autoridades de saúde.

Aventura e emoção. Estas são duas palavras que já foram incorporadas à rotina dos associados do Free Road 4x4, que todos os finais de semana participam de competições em trilhas radicais e passeios ecológicos em regiões de Salvador e do Brasil.

Segundo Miguel Carneiro (Urubu), um dos diretores do Free Road, a associação existe há dois anos e atualmente possui 80 sócios.

“Este é um clube de recreação mesmo, pois participamos de campeonatos por causa da adrenalina, claro, mas também para nos divertimos e ajudar a população carente do estado. Muitos jipeiros não se juntam a nos porque acham que só fazemos trilhas radicais e perigosas, mas não é isso. Promovemos muitos passeios turísticos pelas cidades”, explica Davidson (Professor Talaco), um dos sócios.

De acordo com Luiz Galvão, muitos jipeiros levam a família nas viagens para percorrer trilhas leves e experimentar a sensação de integrar excursões de jipe.

“Tem gente que leva os filhos, ate os netos. Da para agradar a todos. Meu sogro acabou comprando um jipe por minha causa, e agora tenho que aturar ele nas viagens e em casa”, brinca Luis, que costuma viajar com a mulher e a filha de seis anos.
Apesar de toda a união dos jipeiros, um dos diretores do clube explica que pretende resgatar a historia do grupo.

“Este ano conseguimos mais ou menos 15 associados, e resgatamos uns cinco ou seis.
Em 2002 o clube era mais intenso, mas muitos foram se desligando devido a problemas com a agenda”, diz Miguel, que espera poder reunir os fundadores em uma festa no final do ano.

http://www.bahiaoffroad.com.br/dicas

http://www.freeroad4x4.com.br/

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